quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Apegos e apegos

José Alencar, que foi Vice-Presidente de Luís Inácio da Silva por oito anos, é um exemplo de apego à vida. E de muita luta por ela, porque há um bom tempo vem combatendo um câncer agressivo. Sem falar de outras coisas, o apego à vida que ele demonstra é genuíno e sincero. E combativo, muito combativo.

Este mesmo apego é visto também em outros casos, muito menos nobres. Um dos mais cruéis é o apego à crença, quando a realidade já acabou com ela. O apego è crença torna um homem um farrapo do que poderia ser. Desconectado da realidade à sua volta, até o mais capacitado dos homens está zumbi. É um "morto que anda", mas não sabe para onde vai. Tem fome, mas não sabe de que nem por quê. Enxerga, mas não processa a imagem real. Não tem mais amigos, só consegue ver vítimas para suas necessidades que existem, mas não poderiam mais existir. E causa destruição sem nem perceber que está causando sua segunda morte.

Não é difícil reconhecer um zumbi. Difícil é fazê-lo compreender que seu tempo, se não passa igual ao dos outros, também não produz nada. E por ironia amarga do destino, este tipo de zumbi se cria aos poucos. Quando começa a se descolar das mãos que o amparavam e acreditavam nas mesmas coisas. Quando começa sua primeira morte.

Falta ao zumbi o apego à vida, antes de começar a se descolar dela.

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