sexta-feira, 21 de agosto de 2009

De olhos bem abertos

Descobri um leitor do Drops em Angola. Um lobo solitário, que provavelmente não me conhece e eu, infelizmente, a ele.

Pode ser um monlevadense a trabalho, claro. E a suposição acima vira falácia, se for um monlevadense. Pode ser qualquer um, mas, como eu e você, é alguém. E importante para mim porque, pelo menos uma vez, provou o Drops-Agenda Oculta.

Esse único leitor me fez conjeturar sobre a perversidade de se estar solitário, mesmo estando acompanhado de um bando. Grupos são riquíssimos quando coesos, mas quando não são, o que sobrevive é a estática do vazio. Assim também é estar sozinho, só que na contra mão do raciocínio. Estando sozinhos, nunca estamos solitários se quem nos ama faz uma ligação, envia um email - há pouco tempo atrás era carta - ou mesmo manda um recado por rádio.

Também não estamos sozinhos, se agimos com decência e hombridade. Estes dois austeros pilares fazem de nós alguém a ser escutado, mesmo quando nossos argumentos não prevalecerão. A este fato dá-se o nome singelo de respeito.

Igualmente jamais estamos verdadeiramente acompanhados quando falta a compostura mínima, seja de honra, seja de inteligência, seja de personalidade. A grandeza de nosso saber pertence ao mundo que nos ajudou a construí-lo, mas a mesquinharia de nossa ignorância é patrimônio individual.

Assim, o solitário - talvez - não é quem esteja sem companhia de valor, mas aquele incapaz de tê-la ou, pelo menos, identificá-la e identificar-se com ela. Mesmo vagando em meio à multidão.

Agenda oculta? Nada, definitivamente, é só o que parece ser. Todos somos capazes de ver o gelo, mas nem todos de saber que é um iceberg.

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