quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Divergências

São elas que levam o ser humano a realizar escolhas, portanto são fundamentais para nossa humanidade. Sem poder escolher, seríamos escravos.

As divergências são aplicáveis, claro, ao campo da atuação política. E trazem saúde ao processo. O que ocorre de estranho surge dos porta-vozes a anunciá-las.

O "must" atual é culpar alguém pela enchente que vitimou três de nossos cidadãos. Culpada é a natureza, que não possui dosador para a precipitação pluviométrica (chuva, assim poupo alguns de recorrer à wikipédia).

Culpado é quem permitiu, a cada ano, que as encostas fossem sendo impermeabilizadas sem a criação de estruturas de contenção de águas, para o futuro. De 1964 até agora, muitos culpados então.

Culpados somos muitos de nós, monlevadenses, porque somos porcalhões e entupimos de lixo nossas vias públicas, lotes vagos e afins. O lixo vai para algum lugar - normalmente os bueiros e galerias pluviais - e ali só aguarda o próximo grande volume de vazão de água para causar desastres.

Culpada é a nossa falta de visão ética, ao cobrar de terceiros o que não fazemos.

Culpado é o acaso, que rege sem reinar as nossas vidas. Não há como controlar tudo. A Teoria do Caos explica este fenômeno (pode ir para a Wikipédia, agora).

Culpada maior é nossa insistência em achar culpados. Viver em um sistema de culpas e punições é estéril. O mais adequado é estudarmos causas e consequências. A partir de cada causa, pode-se escolher uma consequência especifica. Não preciso dizer o quanto isto nos garante em evolução.

Uma das causas pelas quais desprezamos a divergência, em nosso município, é que a maioria de seus porta-vozes é de uma mediocridade atroz. Confundimos a divergência com a qualidade deles, o que também não é correto.

É um flagelo de Prometeu: precisamos da divergência, mas qualificada. E a desqualificamos o tempo todo, tentando descontar a decepção que temos com os arautos dela.

Neste ritmo aloucado, terminanos por achar que toda divergência é desqualificada. Não é.

Para os poucos leitores, um apelo: não deixem de divergir com qualidade. É o que garante nossa condição humana. Mas não me censurem se bato com porretes na cabeça dos arautos incapazes. Faço-o motivado por uma nobre razão: minha terra natal merece o melhor que puder produzir. Ou importar. Monlevade, como qualquer outra cidade do mundo, também produz mediocridade em altíssimo nível. Quem dera pudéssemos exportá-la em sua totalidade!

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