Conteúdo e Substância

A semana foi bem gasta em conversas com o Assessor de Comunicação Marcos Martino.

Para variar, ele já foi taxado de "forasteiro" de forma muito sutil. Para variar, os poucos que vão engolir esta balela são os mesmos que não possuem talento para ocupar os espaços. O ser humano, este caldo de tudo, é caldo mesquinho por natureza.

Martino tem uma cultura tão vasta que assusta. E um conhecimento de comunicação que, no mínimo, está a anos-luz do que era realizado em João Monlevade até sua chegada.

Obviamente estou puxando a brasa para a sardinha dele, por um motivo muito simples: ele vê, onde os outros apenas enxergam. Quando conseguem.

Obviamente minha própria sardinha irá se beneficiar do calor da brasa. Raciocínio lógico: se meu material é comunicação (e não confundam com comunicação social) é doloroso constatar que passei um tempo em ostracismo. Este espaço tem, pelo menos, um ano e meio de existência.

Poucos viram. Mesmo que alguns tenham enxergado.

Gero conteúdo. Bom ou ruim, só quem consome deste conteúdo poderá analisar. A verdade é que é conteúdo escasso. Mas gero substância, e esta eu tenho certeza de que seja densa o bastante para alimentar bem o espírito crítico.

Eu consumo conteúdo. Isto está claramente posto na lista de links ao lado. E eu consumo, com muito mais satisfação pessoal, substância. Porque são paralelos de universos totalmente diferentes.

Conteúdo é arroz e feijão, como definiu Martino em nosso último papo. Sem ele, o homem morre por inanição. Mas substância é tempero, é aquela pimentinha que está sobre a batata frita e filé, junto com uma salada plena de azeite extra-virgem.

Para além do alimento, substância é comida. Para além da sobrevivência, supervivência. Para além do sabor é gosto, muito gosto.

Meus links apontam, principalmente, para substância. A vida é melhor quando tem gosto. Mas eles apontam também para conteúdo, puro e simples. Porque eu não gosto de impor sabores a ninguém. Os paladares, como as escolhas, são individuais.

Cozinho há mais de 30 anos. Literalmente. Domino o preparo de massas, alguns sabores regionais, saladas, carnes, sobremesas. Jornalismo não faço e dificilmente farei. Ótimo, porque assim não corro qualquer risco de misturar as duas coisas, como alguns de meus conterrâneos.

Se, e somente se, eu puder agregar conteúdo ao Jornal Bom Dia, já me sentirei realizado. Há pessoas de seriedade incontestável realizando seu trabalho lá. Se eu puder adicionar substância e gosto, melhor ainda.

Talvez seja a chance de mostrar que comunicação, opinião e informação sejam inocentes, embora tantos que delas sobrevivem acabem produzindo, mesmo, é comida sem tempero.

Aí, meu amigo, nem para cozinheiro servem.


Agenda Oculta? O perigo de matar a Democracia não reside no cozinheiro que tenta formar opinião, enquanto informa. Este perigo reside no profissional de comunicação que acaba por só produzir culinária chinfrim, ao fim de tudo.

Nada pode ser mais tirano que proibir outro alimento, que não seja arroz com feijão. Sem sal.