terça-feira, 1 de dezembro de 2009

O encanto das coisas não ditas

Primeiro alerta: os profissionais de imprensa é que possuem o gabarito para análise profunda. Eu sou profissional de comunicação em Língua Portuguesa, apenas. Meu conhecimento apenas resvala a superfície da comunicação jornalística. Mas de comunicação não verbal eu entendo...

Desafio o jornal a Notícia a me mostrar uma única edição em que uma morte no PA, entre 2001 e 2008, tenha sido divulgada com fontes daquele tamanho na manchete. E que espaçamento generoso, hein, amigos? É para os deficientes visuais sentirem o compromisso do periódico com a inclusão?

Desafio ainda que a cor verde - marca registrada de quem, entre 2001 e 2008? - tenha sido utilizada em caixa alta (daquele tamanho?) para uma chamada da manchete correlata. Mas já que o atual Prefeito é do Partido Verde, por que não? Fica como homenagem.

O material contaminado é maior que a proposta de união de pediatrias (sempre falando nos tamanhos de fonte, ok, queridos?). Por ética, digo que é um absurdo que o dito material ainda esteja lá, não importa qual desculpa seja dada. Só para mostrar que não é a crítica aberta, mas a subliminar, que machuca com delicadeza...

O editorial é um primor de correção. Está no tom correto? Com tantas mensagens de negativismo oculto tão apetitosas, o editorial não deveria ser a linha norteadora e, portanto, manter o aspecto negativista? Por que quebrar a expectativa do leitor?

Na página 4, mais um aperitivo que contraria o editorial. Sob a manchete "Motociclistas cobram fiscalização" o texto joga no lombo ingênuo da Prefeitura (sempre ela!), a responsabilidade pela irresponsabilidade e anticidadania, por parte dos motoristas que desrespeitam as vagas destinadas para motos.

Mas o editorial não falava justamente deste compromisso mútuo, onde os motoristas também são responsáveis pela cagada geral que nosso trânsito nos mostra, todos os dias? Ah, e adivinhem qual é a única manchete, naquela gloriosa página 4, que está com fontes enoooooormes, em relação às outras?

Na página 5 o desafio é, de novo, verificar se no passado foram utilizadas aquelas fontonas grandes e suculentas (hmmm....) Para noticiar um óbito no PA.

Na página 6, opa! Uma aparente inversão de valores! A Prefeitura aparece razoavelmente bem na fita. Mas porque o todo poderoso Hospital Margarida está lá também, independeria este fato inusitado? Ou não, é apenas uma vespa da discórdia envenenando meu raciocínio?

Permeando a edição, uma curiosidade: o nome do Prefeito é raríssimo, só aparece na matéria sobre a linha azul da página 6, mesmo assim seguido do comentário de que "tumulto no trânsito e muitas reclamações de motoristas foi o que se mais se viu...bla, bla, bla..." tudo sob uma foto onde a legenda era clara: "Prandini declarou que o objetivo é melhorar o trânsito da cidade" e sob a manchete que dizia sobre os tumultos e reclamações.

É uma novidade de edição: o sanduíche de Prefeito! Na próxima, vão ensanduichar uma matéria negativa entre duas positivas, onde o nome de Gustavo Prandini esteja nas positivas?

Deixo para os especialistas. Na parte da comunicação não-verbal, a coisa está mesmo feia para Gustavo Prandini: ou insinua-se o fracasso, ou insinua-se a incapacidade, ou omite-se o nome do Prefeito onde não for possível uma insinuação ou outra.

OBS: Não possuo autorização, procuração, permissão, pedido, ou qualquer outra ingerência que me permita falar em nome da Prefeitura ou do Prefeito. Falo como desiludido, em relação ao jogo democrático saudável. E sou ninguém.

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