Em 1990, João Monlevade tinha uma população estimada de 58246 pessoas (Fontes: IBGE/DATASUS).
Em 2010, podemos utilizar a população aferida em 2009: 75320 pessoas (Vamos lembrar que já nasceram mais alguns, alguns se foram, outros chegarão e partirão. Os números aqui são flutuantes como nosso direito de ir e vir, como nosso destino de nascer e morrer)
A diferença: 17074 pessoas a mais.
Segundo a Organização Mundial de Saúde, o consumo de água potável recomendado por pessoa é de 100 litros por dia, ou 3000 litros por mês. Este número representa um valor otimizado, sendo que o desperdício e o mal uso da água costumam elevá-lo bastante. Belo Horizonte, por exemplo, registra consumo de 2oo litros/dia por pessoa, ou 6000 litros/mês, atualmente. No verão fica um pouco pior, mas vamos pensar em números medianos, para não fugir demais da realidade.
Então, que tal 4500 litros/dia? Nós, monlevadenses, não somos europeus, portanto ficamos longe de gastar só 100 litros ao dia. Não somos belorizontinos, para gastar tanto como 200 litros ao dia. Fiquemos com a média: 15o litros de água potável ao dia, por pessoa.
A diferença de consumo de 1990 para 2010 é de... Deixa ver... 17074 pessoas x 150 litros de água potável x 30 dias = 76.833.000 litros de água potável por mês, gastos a mais em relação ao longínquo ano de 1990. Nem quero falar dos milhões de litros, ao ano. Seria covardia...
Sem considerar o desperdício antes desta água chegar às torneiras, via vazamentos diversos.
Água precisa ser captada, tratada, bombeada e distribuída. Vamos ver a quantas o DAE anda em cada uma das etapas:
Captação: O rio Santa Bárbara possui vazão de sobra para atender à cidade. Aqui tudo Ok. Fonte: conversas informais e experiência prática, o rio nunca secou antes.
Tratamento: Ok. Existe verificação constante da qualidade da água distribuída na cidade. Fontes: O próprio DAE detém laudos técnicos de análise, Visa Estadual e ausência de problemas crônicos de saúde relacionados à qualidade da água fornecida para consumo.
Bombeamento e distribuição: Hmmm, lascou. Quem mora um pouquinho mais alto sabe que falta água mesmo, principalmente TODOS os sábados. Ao longo dos dias mais quentes, e durante picos de demanda, a água que pinga das torneiras sai de lá numa preguiça infernal.
Outro fator de desequilíbrio: a pressão da água diminuiu depois da limpeza de tubulações. Aquela, que deixava a água marrom, mas que diminuía era a bitola útil da canalização e aumentava a pressão de percurso da água. Detalhe para os estudiosos de hidráulica explicarem em linguagem mais simples.
Mais matemática básica: se em 1990 o bombeamento fazia chegar 8.763.900 litros de água a 59000 pessoas por dia, e hoje tivesse que fazer chegar os mesmos 8.736.900 litros de água a 75320 pessoas todo dia, a proporção de bombeamento foi para o espaço. Vejamos:
Imagine que o DAE possuísse 10 bombas em 1990. Chute puro, a autarquia poderá depois mostrar estes números com mais propriedade. Daí que em 1990 cada bomba controlava o fluxo diário de 873.690 litros de água, todo dia.
Para 2010, e sem adquirir novas bombas o controle de fluxo se manteria. Mas o destino final da água não. Porque não dá para bombear 150 litros de água para 75320 pessoas todo dia, se o sistema só bombeia 8.736.900 litros. Quer ver?
75320 pessoas x 150 litros = 11.298.000 litros, o que gera um déficit nominal de
2.561.100 litros todos os dias, ou menos 34,003 litros de água por pessoa, todo dia. Viram agora porque falta água em alguns horários, e porque a pressão dela é menor? As bombas estão trabalhando no limite. Talvez já o tenham suplantado, e estejam se deteriorando mais rapidamente, gerando mais déficit financeiro futuro com a reposição e reparos constantes.
Detalhe: só para manter o sistema funcionando mal, sem prever aumento de população para daqui a cinco, ou dez, ou vinte anos. Os programas habitacionais em andamento vão aumentar a pressão de consumo, sobre este sistema moribundo. Vai quebrar, se não houver investimento pesado em ampliação da capacidade do DAE em oferecer água nas mesmas proporções.
Duas coisas me chateiam muito nesta hora:
1 - Gente preguiçosa para pesquisar e mal intencionada como o demo para defender interesses não declarados, aparece para dizer que tudo ia muito bem com o DAE, até o governo atual apontar as feridas e os meios de cura.
2 - O próprio DAE possui estas informações muito mais detalhadas e mensuradas. Custava informá-las de modo amplo, para mostrar a boa fé de seus propósitos? Ou é melhor deixar que a população acredite que Gustavo Prandini, e só ele, gosta de maltratar aos "pobres"?
Não custa nada mostrar verdades estatísticas, numéricas e lógicas. Se não para amenizar o desgaste político do Prefeito que os indicou como parceiros de trabalho e eventual sucesso, pelo menos para provar que um governo se faz de atitudes, não de bravatas ou palavras desconectadas da vida real.
Resumo da ópera? O DAE está sucateado, sim. Precisa de investimentos pesados, sim. E para prever o aumento de demanda por água, também. Não só para "tampar o sol com peneira", mas para mostrar que é fácil fazer mais e melhor, quando quem esteve antecedendo no comando da cidade fazia showmício verbal diário, em vez de administração competente.
Agenda Oculta? Tem algo muito errado acontecendo com um Prefeito que precisa ser defendido - e com razão, diga-se - pelo lado de fora. Se os parceiros e aliados não tomam esta iniciativa a não ser por força de chicotadas, Gustavo está muito mal de parceiros e aliados. Talvez de governança, também. Lembrando, se ele se enfraquecer, quem perde é a cidade... E os chupa-cargos da vida.
2 comentários:
Ok. E Papai Noel existe. Paga minha conta então bocó!
Por favor, mande-a para meu endereço: Rua Café Filho, 52 - Bairro República. Pagarei e devolverei. Mas o que isso irá provar a nós dois? Que o DAE foi administrado com grande eficiência nestes vinte anos?
Outra questão: o que levou o Sr. a considerar que eu seja um "bocó"? Aponte as falhas do meu raciocínio e eu terei que concordar com o seu julgamento.
Caso contrário, além da conta de água a ser paga, qual seria o seu ganho pessoal nesta questão Sr, hã, "Marcos"?
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