terça-feira, 30 de março de 2010

Um dos estúdios mais caros do planeta


Não, não vamos falar aqui do Abbey Road, legendário estúdio musical de Londres de onde saiu, deixa ver... um álbum mixaria chamado "Revolver" e um outro álbum pouco conhecido chamado "Sgt. Peppers Lonely Hearts Club Band" de uma bandinha chinfrim chamada "The Beatles". Saíram deste estúdio londrino outras obras menores da música mundial. Mas não vamos falar de música medíocre.

Vamos falar de um estúdio muito especial, hoje. Aquele, da Rádio Alternativa FM, que "custou" 20 pilas para aluguel de gravação do programa de campanha de Gustavo Prandini. Vinte mil pacotes!

Bom, eu pesquisei. O Drops ajuda pouco em algumas ocasiões, então o povo terá que pesquisar também. Em belo Horizonte, há estúdios profissionais que vendem um pacote de 48 (q-u-a-r-e-n-t-a e o-i-t-o h-o-r-a-s) de estúdio + gravação + mixagem + masterização de som pelo absurdo preço de R$ 2.876,00 (dois mil, oitocentos e setenta e seis reais) à vista. Preços de Setembro de 2009, ok?

Isto dá o valor absurdo de R$ 59,92 (Cinquenta e nove reais e noventa e dois centavos por hora). Também explica o fato de que todos os donos de estúdio profissional de som no Brasil estão bilionários. Safados!!!

Se o estúdio de gravação que faz esta "oferta" fosse escolhido para gravar os programas de Prandini, 20 mil pinotes dariam para....hum....a calculadora tá devagar...deixa ver... 334 horas de gravação! Arredondei para cima pouca coisa, o chorinho funciona quando a gente compra em grande escala.

!4 dias inteiros de uso de estúdio, sem parar nem para tomar banho. À parte o fedor, daria para gravar uma campanha de governador de Estado em 14 dias de estúdio de som.

Não consigo guardar de memória todos os dados de que preciso. Não sei quantas horas de gravação foram necessárias para gravar os programas de campanha de Gustavo Prandini. Vou chutar:

20 minutos por dia, dia sim, dia não, durante 90 dias de campanha. Ou 20 minutos x 45 dias em que o programa do Prefeito foi ao ar. Dá 900 minutos ou... 15 horas de estúdio. Digamos que Gustavo e Bastieri fossem duas antas e não conseguissem gravar um texto decorado e lido sem errar pelo menos uma vez a cada programa de gravação. Como a mixagem e masterização está incluída, não vamos considerar que eles tiveram que gravar os programas completos duas vezes. Erraram pra caramba, mas a cada erro era consertado só o um minuto em que ele ocorreu.

Vejamos: dois minutos de regravação por dia x 45 dias = 90 minutos, somados aos 900 iniciais = 990 minutos ou 16,5 horas de gravação. Se, e somente se, o programa de Gustavo e Bastieri durasse uma hora por dia de campanha em rádio, ainda assim daria certinho: dava pra fazer em 48 horas a menos de 3 mil pratas.

Mas nos estúdios eventualmente cedidos pela Rádio Alternativa 1 FM, a uma terceira pessoa que, esta sim, foi contratada por ambos, não daria. Seriam cerca de 20 mil ducados!

Olha, eu sou sanguíneo. Não tenho serenidade. Tenho é vontade de pesquisar além da Notícia e, até mesmo, além da Verdade. Por isso eu digo que, apesar do texto estar indo para o lado do humor, não tem graça nenhuma.

A Rádio Alternativa não tem como sobreviver de aluguel de estúdios, enquanto o preço dela estiver cerca de 600% maior que o da concorrência profissional ali em Belo Horizonte. E alugar seu estúdio de som nem é o principal foco de comércio da Rádio. O foco comercial dela reside no aluguel do espaço publicitário.

Hoje eu fiz uma coleta de preços informal. Em grande volume, a Rádio cobra R$ 13,00 (Treze reais) por minuto de veiculação de material entregue pronto em sua grade. Ficaria em cerca de R$ 12.870,00 (menos de 13 mil calangos!) veicular todo o programa de campanha de Gustavo Prandini e Wilson Bastieri se os dois tivessem que pagar do próprio bolso, durante a campanha inteira.

Sendo sanguíneo, burro, irracional e demente, eu não aceito que este valor de 20 mil reais não foi investigado para saber se cabia na realidade comercial da época, para um estúdio de gravação. Não cabia porque nunca existiu. Erro de cálculo ou de conhecimento da área, por parte de quem o lançou como doação estimada, sim. E duvido de que tenha havido alguma doação por parte da Rádio Alternativa, por ato de vontade beneditina.

Trata-se de uma emissora que, ao contrário dos outros exemplos que temos na região, quase não toca no assunto "política pessoal" de seu proprietário, durante sua programação regular. Ou seja, não costuma doar nem para o próprio dono!

E aí? Consideremos o valor de 3 mil pratas, comprovadamente o de mercado para serviços iguais, sem pensar na inflação. Abuso de poder econômico que desbalanceou completamente a eleição passada? Corrupção grossa, mesmo se a gente pensar que é valor estimado, e não nota de cem sobre nota de cem?

A legislação eleitoral me parece norma penal em branco. A punição é decidida depois, pelo uso e pelo costume, através de outra legislação complementar. Se eu estiver errado, por favor quem seja da área me corrija.

No Direito, a pena deve ser proporcional à gravidade da infração. No Direito Eleitoral de João Monlevade, isso virou pó. Observamos, em transe de perplexidade, ser proferida uma sentença de cassação do mandato eletivo, por causa de 3 mil contos, estimados.

Algum de vocês consegue imaginar uma pena mais pesada para candidatos eleitos? Me informem porque eu não consigo. Deve ser porque sou burro, irracional e demente. Corram para ler o Marcelo Melo que vale a pena. O Drops não tem valido o espaço que ocupa... Reconheço isso.

Vaidade, teu apelido é fracasso. Tu não és perene, como também não és justa.

Só para evitar mal entendidos, sempre defenderei que a prestação das contas de campanha de Gustavo foi negligenciada. Afirmar que há forças ocultas tramando pela confirmação da sentença de cassação do mandato é abusar da inteligência alheia. Da mesma forma que tentar transformar este episódio, de negligência e ingenuidade, em gravidade idêntica a de outros crimes conhecidos do município. Eu não engulo nenhuma das duas alternativas.

Gustavo e Bastieri devem recorrer desta aberração jurídica em todas as instâncias possíveis. Se o Magistrado local não pensou no caos administrativo, se os demais aspirantes ao cargo vão (legitimamente) contribuir para o aumento deste caos, porque só os dois terão que fazer o papel de "Boi de Piranha"?

Nem que seja para manter os próprios nomes e biografias pessoais preservadas. Porque uma análise mais fria da situação, por um tribunal federal superior e com os motivos corretos sendo apresentados, pode reservar a grata surpresa de vermos a justiça real acontecendo.

Não vai eliminar o caos, mas pode fornecer uma resposta mais esperançosa para uma comunidade inteira. Que espera, simplesmente, a serenidade política e a eficiência administrativa tomarem conta de nossa casa.

E, enquanto isso, continuaremos a ter homicidas, estupradores, torturadores, golpistas e velhacos diversos mantendo cargos eletivos, porque são pessoas quie não cometeram a atrocidade de errar em prestação de contas das suas "ilibadas" campanhas eleitorais, pelo Brasil afora.





Um comentário:

BERNARDO PRANDINI disse...

Célio, quando a Juiza relatora do processo de Prandini concedeu a liminar para que aguadese no gargo ate o fim do julgamento, ela colocou em seu relatorio que as falhas na prestação de contas não eram motivos para cassação e que no maximo poderia terminar em multa para o candidato. Será porque ela mudou sua opnião de repente? Será que há coelho neste mato?