sábado, 22 de maio de 2010

Acontecemos quando viramos manchete?

Ou quando, no correr de cada dia, expressamos nosso trabalho e nosso sonho, nossa realidade e nossa esperança, nosso afeto e nossa dedicação, nossa garra e nosso caminho?

Essa é uma reflexão que transcende em muito a minha competência para levá-la adiante. Mas as minhas dúvidas podem ser também as dúvidas de muitos, por isso eu me sinto tentado a colocá-las neste minfúndio virtual que compartilho com alguns co-irmãos.

Até que ponto é lícito - e principalmente legítimo - transformar uma vida humana em uma fração de noticiário? Quem fornece o gabarito de normalidade ou de ética, necessários para a correta mensuração do que seja o interesse de todos, em detrimento dos interesses de um só?

Além da legalidade, ou da letra fria da Lei, quais são os limites necessários para que não vivamos como os animais selvagens? Pensando bem ,mesmo eles possuem o ireito de destruir outra vida, exceto em situação de sobrevivência?

Quem é que possui as escrituras de nossas vidas, podendo dispor de partes delas ao seu bel prazer, sem que haja um fundamento de provas sólidas e concretas a fundamentar esta "propriedade"?

Defendo que a única liberdade real que o ser humano possui é a da escolha. Nós é que escolhemos nossos caminhos, e não podemos responsabilizar ninguém pela qualidade da estrada nem pela distância até o ponto de destino.

A partir destas escolhas vamos viver e nos portar como viventes, não é? E as consequências, quem vai suportar? Outros pobres infelizes que sequer foram ouvidos quando descidimos caminhar em determinada direção?

Precisamos refletir com muito cuidado sobre quais são as responsabilidades de cada um, na construção de uma vida social que deve abranger, compulsoriamente, a todos. E aplicar estas responsabilidades com rigor, porque não vejo a desigualdade de tratamento como função essencial da Democracia.

Contrariando o genial Rui Barbosa, vejo a desigualdade distributiva de bens (sejam econômicos ou financeiros) como o único mecanismo de Justiça que se pode considerar aceitável. Entenda-se esta afirmativa como a premissa de que o nosso gestor de interesses comuns, o Estado, deva distribuir mais para quem conseguiu menos nesta vida, entretanto sem causar o esbulho para cima dos que obtiveram sucesso lícito e legal.

Nos demais casos, ainda penso na igualdade irrestrita como a única ferramenta de controle dos abusos, que alguns seres humanos tendem a apreciar demais nesta vida.

Telhados de cristal costumam adornar cabeças, cujos corpos possuem braços enormes e tem nas mãos pedras ansiosas. Pela Lei da Nêmesis, um dia as pedras retornam. Vamos pensar nisto com muito cuidado.

Um comentário:

Anônimo disse...

Caro amigo, “sim ou não” não é maniqueísmo.