quarta-feira, 30 de junho de 2010

Em tempos idos


Houve em João Monlevade acusações de fascismo. Houve acusações de crimes diversos que teriam sido cometidos por familiares do Prefeito. Houve acusações de que um leilão presencial da Prefeitura Municipal teria sido fraudado. Houve acusações genéricas contra um empresário local, contra sua esposa, contra sua irmã. Houve acusações de compra de parte da imprensa. Tudo normal, conforme sempre ditou uma espécie de regra não escrita em João Monlevade.

Agora, entramos na era da anormalidade absoluta. Há radialista acusando políticos locais, e isso não pode! Fere o decoro que nossa cidade sempre primou em manter. Há um clima de guerra no ar, e isso é responsabilidade certeira dos que não querem e não aceitam apanhar feito cães deitados.

Por outro lado...

Em tempos idos, não me lembro de haver tanto desatino gerencial como agora. Sinto-me zonzo, como se ferramentas básicas e antigas de gestão político-administrativa estivessem sempre erradas e só agora estejam funcionando corretamente.

Sinto-me perdido entre tanto o que se fala e tão pouco o que se faz, em benefício real e produtivo para uma população que já não se incomoda mais em analisar nada, está dando é gargalhadas de desprezo e bocejos de desânimo.

Tudo isso que está aí é velho, rançoso, sem sabor e sem sentido prático. Parece que vai continuar assim por um tempo muito grande. E, infelizmente, tudo isso que está aí encobre as boas realizações que tantas pessoas tem executado, mas que desaparecem sob numa nuvem de napalm e cordite que está encobrindo Monlevade por inteiro.

Descobrimos, assim, que nossa vocação para a guerra de guerrilha está afiada. O Talebã vai acabar mandando estagiários para cá. Que Deus nos ajude.

Ao que eu me lembrasse, a batalha política sempre preservou os civis inocentes. Não deve ser Monlevade que vai inaugurar uma era em que esta regra deixe de prevalecer. É o que se espera de todos os envolvidos: que não apontem os fuzis e tanques para o coração dos desarmados.


2 comentários:

Marcos Martino disse...

Pois é, Célio. Olha que invariavelmente sou taxado de Alienígena. Também nunca presenciei uma guerrilha política sem treguas como essa Monlevade. Só não consigo entender porque uma facção pode tudo e a outra deve dar o rosto. Há o reconhecimento de que problemas existem e aos montes. Mas chega a ser ridículo criticarem até o feijão distribuído. Essa conversa de feijão bichado é mais uma vez pegar a exceção e tentar transformar em regra.

Marcelinho disse...

Caro Amigo Célio,
parabéns pelo texto, assim como o Drops no Bom Dia.
Permita-me expressar um sentimento que me ateve diante deste texto: "Existe apenas um pecado, um só. E esse pecado é roubar. Qualquer outro é simplesmente a variação do roubo. Quando você mata um homem, está roubando uma vida. Está roubando da esposa, o direito de ter um marido, roubando dos filhos um pai. Quando mente, está roubando de alguém o direito de saber a verdade. Quando trapaceia, está roubando o direito à justiça [...]" Khaled Hosseini.
Creio que estão roubando a cidadania e a dignidade dos civis inocentes que você relatou.
Abraços.