domingo, 29 de agosto de 2010

Joelhos esfolados - Republicação


A maldita Bola de Cristal. Este é um texto reflexivo que remonta aos primórdios do Blog - Agenda Oculta - e já foi republicado em 27/03/2010 no Jornal Bom Dia. Acho que continua atual.


JOELHOS ESFOLADOS

Quando um menino cai, ele se levanta menos menino e mais homem. É um instante mágico que acontece entre a última lágrima de dor ou a última gota de sangue (se vierem) e o primeiro olhar que o menino dá para frente depois da queda (sempre vem).

Se da queda ele sempre tirará conclusões, do ato de se levantar ele sempre tomará decisões, para não cair do mesmo jeito novamente. Mas ao tomar a decisão mais importante, a de se levantar olhando para a frente, ele já terá se engrandecido.

Quando um homem cai, pode acontecer a mesma coisa. Ou até pode acontecer o contrário: ele pode se levantar menos homem e mais menino. Tudo depende de como ele vai se portar depois.

Alguns homens vão se engrandecer do mesmo jeito que os meninos, porque resolveram se reerguer. Outros, e isso é coisa do íntimo de cada um deles, jamais se levantarão com a mesma envergadura moral que tinham ao cair.

Em vez de olhar para a frente, para o que podem levantar, olharão para trás. Para o que os derrubou.

De quedas e de decisões é que são feitos os homens. Todos já caíram – todos, sem exceção – pelo menos uma vez na vida. Isso de cair não diminui nem engrandece por si só.. Mas os que se reergueram mais homens que eram ao cair, esses sempre vão fazer diferença em nosso mundo.

Antes que vocês me perguntem, eu informo: já caí muitas vezes. Acho que me levantei mais homem em todas as ocasiões, porém só o tempo confirmará esta teoria.

A Agenda oculta deste texto de hoje é que possamos refletir sobre algumas quedas que observamos e observaremos à nossa volta. Alguns protagonistas vão se levantar mais homens, outros nunca vão voltar ao seu tamanho original.

Por isso há diferenças entre uma coisa chamada liderança e outra coisa chamada de “mando”.

Um líder se constrói na forja da dor e da labuta de uma vida. Um mandante pode ser fabricado entre dois dias que começam.

Precisamos desesperadamente de líderes. Já de mandantes e caudilhos, esta terra que eu adoro de coração não precisa mesmo.

Eu vou fazer a minha parte. Tenho feito, aos poucos, meu trabalho de abelha operária. Não vou abandonar Monlevade por nada, porque Monlevade nunca me abandonou.

E digo mais: com tudo acontecendo ao mesmo tempo agora, nossa terra vai precisar de quem cuide dela. Com carinho, com respeito, com vigor e com vontade.

Porque construir o futuro é bem mais difícil que destruir o passado.


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