segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

A 381 é Inimiga de todos

Ela não escolhe cores, gêneros, ideologias nem paixões. Trata-se de um inimigo formidável para todos. Obviamente os leitores mais tradicionais do Drops sabem que não procuro isentar os motoristas de suas responsabilidades. A cada um conforme suas ações e consequências, é lógico. O que procuro enfatizar é que a estrada ultrapassou as ações individuais.

Ainda que um motorista consciente e sereno trafegue pela rodovia, adotando todos os cuidados necessários à sua sobrevivência, não há mais garantias de que possa chegar normalmente a seu destino. O grau de obsolescência que acometeu a rodovia e os governos que se sucederam na responsabilidade de cuidar dela e de todos nós, atingiu o limite do aceitável há muito tempo.

Um adendo importante: é lógico imaginar que todos que a discutem entendem que o que chamamos de duplicação é a modernização do traçado original (idealizado e aberto por tropas de burros), a ampliação de largura das pistas de tráfego e a separação física dos sentidos de direção. Sem este entendimento, fica pouco didático repetir tanta informação a todo tempo.

Em todas as rodovias críticas em que este tipo de intervenção foi efetuado, o número de fatalidades caiu em no mínimo setenta por cento. Ou a 381 é ponto fora da curva estatística, ou passou da hora de cukpabilizar majoritariamente os maus motoristas. Que são exceção, e não regra.

Não podemos cair na tentação da Síndrome de Estocolmo em relação à BR 381. Ela é a sequestradora potencial de nosso futuro. Não há senso lógico em se ter simpatia pelas suas falhas, suas limitações, nem quanto ao descalabro governamental que se somou ao envelhecimento e senilidade dessa rodovia.

Igualmente, lembro, não há senso lógico em se apontar um único responsável por todas estas últimas mortes (não falo das últimas dez, mas das últimas mil). Somos brasileiros e temos a péssima mania de colocar no colo do gestor público de plantão a culpa pelos males gerais que nos afligem. Não é bem assim, em muitos casos concretos. A 381 é o somatório de muitos erros e desatinos, cometidos por muitas pessoas diferentes ao longo dos últimos quinze anos. A hora é centrar forças na correção destes erros. E só.

Daqui a pouco estarei na AMEPI onde espero, pela primeira vez em minha vida adulta, observar a convergência de interesses contra um inimigo comum, acima de alinhamentos inúteis para evitar novas tragédias no curto prazo. Que as bençãos de Deus possam pairar acima de muitas cabeças diferenciadas, já que o destino discutido será um só: viver ou morrer nesta estrada?

Nenhum comentário: