É nossa "querida" 381 trabalhando naquilo que sabe fazer de melhor: destruir psicologicamente às famílias e estremecer a economia do país com seus gargalos antigos. O maior truque da 381 é não matar 600 pessoas em vinte dias, o que geraria ondas de revolta e de solidariedade como nunca vimos neste país. Porque ela mata aos poucos, e suas vítimas são pinçadas da vida ao longo de um ano inteiro, suas ações se diluem na nossa preguiça de nos revoltar.
Lembro-me dos ditos sobre o Diabo: seu maior truque e sua melhor arma é o fato de ninguém acreditar que exista realmente, porque assim se fortalece nas sombras. A Rodovia da Morte exibe o mesmo vigor intelectual (por assim dizer), e segue matando com gosto e com regularidade homeopática ao longo dos últimos anos.
Não acredito que qualquer mobilização menor faça diferença. Todos imaginamos este fato. A hora é organizar com calma os centros nervosos da economia, que precisam da estrada mas se recusam a fazê-la mais humana que financista, para obter alguma atenção de quem deveria trabalhar por nós, pagadores de impostos.
Marcelo Torres, que possui a sensibilidade de lembrar o fato, já alertou: enquanto a indústria nacional elevou o padrão técnico dos veículos, os governos federais passaram incólumes pela elevação do padrão técnico de nossas estradas. Já se vão longos 20 anos de modernização de nossas "carroças", longos 13 anos de edição de um código de trânsito mais moderno, e a 381 continua lá, firme, exibindo apenas um pouco de botox e um peeling aqui e ali.
Passou da hora de um cirurgião plástico muito competente cuidar desta matrona sem-vergonha. E somos nós, cidadãos, que temos de levá-la de alguma forma à mesa de cirurgia.
Um comentário:
Muitas incongruências, Célio. O limite máximo de velocidade é 100 e os carros chegam a 250. O sujeito nervoso comprou o carro pra voar e não vai querer tartagurar numa fila mesmo. Tem outros que não tem carros tão possantes mas que também não aguentam ficar fila indiana. É realmente irritante. Pior, só a colisão frontal.
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