quinta-feira, 3 de março de 2011

Fim de outro ciclo


Daqui a pouco, devo entregar ao Delegado Regional de Polícia Civil em João Monlevade a carta de renúncia do Cargo que ocupo - Chefe do Setor de Criminalística - encerrando mais um ciclo em minha vida.

Foram muitos meses lutando com todas as forças de que disponho, para extrair da equipe ainda mais do que ela poderia oferecer. Quando constatei que estava prestes a exigir de todos que demonstrassem capacidade sobrenatural, percebi que era hora de parar. Não sou e nunca serei pessoa de caráter acovardado.

A Segurança Pública é algo sério demais para deixar de ser responsabilidade majoritária e obrigatória do Estado. Ele deve prover recursos, logística e ambientação para que seus profissionais rendam o melhor possível, dentro do humanamente compreendido.

Se é ineficaz, se não há investimento maciço, se a Segurança Pública é serviço caro (e é um dos mais caros que conheço) e o Estado de Minas Gerais não cumpre sua parte, não serei eu nem os colegas que carregaremos este mundo nas costas. A sociedade pode e deve nos cobrar TUDO que seja de nossa obrigação e alcance, mas deve cobrar muito mais do arrecadador de impostos que não possui eficiência para aplicar bem estes recursos financeiros.

Entendo, do ponto de vista ético, que não devo permanecer à frente de um sistema punitivo à sociedade. Não coaduno com as práticas? Melhor ser comandado por elas, até porque para ser apenas mais um colaborador é que prestei o meu concurso público. Não para ser gestor de ineficiência mal disfarçada.

Imagino que a minha vida pessoal vá dar uma reviravolta em breve, para muito melhor. O fim do stress e do cansaço, a diminuição do trauma psicológico continuado e a chance de ter vida familiar restaurada é muito estimulante.

 A vida profissional, claro, está fora da minha alçada garantir sua plena eficiência. Depende de o Estado querer ser Eficiente junto comigo.

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