terça-feira, 26 de julho de 2011

O Rei Calote

Há pouco tempo, escrevi sobre minha incredulidade no jeitinho brasileiro de encarar o calote como algo natural. Intrínseco ao ser humano, por assim dizer. Ora, bolas, é claro que só o ser humano poderia aplicar calotes, porque é a única espécie destinada e fadada a lidar com dinheiro e dúvidas, ganância e dívidas. Até o fim dos tempos.

O que sempre me assombrou não é a possibilidade de lidar com caloteiros, mas a complacência com que eles são vistos. Graças ao rei Calote, governos de todas as esferas são sub-julgados quando apelam para a calhordice do não-pagar. Porque, cá embaixo, há gente imbecilizada ou maluca o suficiente para achar que esta prática é natural, é humana ou é perdoável.

Aplicar um calote a uma geração inteira é crime hediondo contra a humanidade. Essa geração roubada não irá se vingar de seus algozes, mas gerará frutos podres de comportamento atingindo a próxima geração, num círculo que apodrece a humanidade como um todo.

No dia em que criarmos a coragem ou a vergonha na cara para derrubar do trono o Rei Calote, em todas as suas facetas e disfarces, estaremos nos portando como seres humanos de verdade.

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