terça-feira, 26 de julho de 2011

Papo de carrapato

- Rapaz, tá osso... Tá difícil achar mais burros para chupar o pescoço.
- Que nada! Sempre aparece algum. Se não for aqui é no pasto ali pertim. Cê vai ver, na hora certa a gente acha mais uns quinze!
- Deus te ouça, porque senão vamos morrer de fome...
- Vai por mim, amigão. Sua barriguinha vai continuar estufada.
- Pode confiar?
- Pode! Tá tudo sob controle aqui no pescoço dessas éguas...
- Escuta aqui, e essas malinhas preparadas ali no cantinho do seu cafofo?
- Nada demais, sô... Vou visitar minha sogra no pescoço de uma mangalarga que mora ali mais longe, mas eu volto.
- Cuidado, hein? A renovação do usucapião do pescoço aqui vai vencer no ano que vem e eu preciso de tu pra assegurar meu lugar...
- E eu já te abandonei alguma vez?
- Bom, teve aquela...
- Essa não conta, eu tava deprimido!
- Bom, e aquela outra...
- Rapaz, eu tava de unha encravada, tava difícil de acompanhar sua andança...
- Sei. Vem cá, tu não acha que a gente devia dar um trato neste pescoço não? Ele tá meio machucado demais, sô.
- Esquenta não que o bicho é forte, ele aguenta.
- E se o cavalo for mandado pro veterinário, se puserem veneno, e se o dono resolver cuidar melhor do bicho? A gente pode sifu...
- Já te disse, tá tudo dominado. Tem muito cavalo por aí dando sopa e com dono descuidado.
- Oia, que eu tô mei preocupado. Já reparou que todo mundo tá espiando de banda?
- Inveja pura sem mistura! Bebe mais um golim aí e relaxa!
- Intão tá... Ô lasquera, se esse trem num fosse tão gostoso...

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