quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Uma meia dúzia

Este é o número de pessoas que eu avalio ter boas condições de governar João Monlevade. Não vou citar nenhum deles, por razões de respeito ao trabalho de quem está governando a cidade. Esclareço que respeito é uma coisa, concordância é outra bem diferente.

A análise crítica é fundamental. Receber bem as críticas é fundamental. Quem não quer ser criticado que cuide unicamente de sua vida privada, que não deve interessar a ninguém. Vida pública existe para que o público a avalie como quiser, e não como gostaríamos que o público quisesse.

Aquela meia dúzia de pessoas capacitadas, entretanto, enfrenta um dilema: o bom governante não se faz sozinho e não nasce pronto. Ele depende de haver um povo, uma sociedade, interessada e atuante na ação de ser governada. E as sociedades estão se confundindo muito, quando imaginam que ser governadas significa ser pastoreadas a esmo.

O governante ideal não distribui dentaduras. Ele investe bem na saúde bucal dos jovens e das crianças. O governante ideal não gasta dinheiro. Ele investe em estrutura para gerar dinheiro, pela produção ou pela economia de recursos futuros. O governante ideal não transfere renda de pobres para ricos. Ele transfere renda de setores avançados para setores que precisam de avanços.

São várias as outras ações que podem ser mencionadas, mas o espírito de governar já fica bem explicitado pelo raciocínio inicial. O mais importante é: um bom governo depende de um bom povo. Quando nos esforçamos muito para ser um povo medíocre, nenhum governo será nada menos que medíocre, e não podemos culpá-lo exclusivamente.

Sei que é muito fácil atirar pedras no ator principal. Difícil é chegar no horário programado, desligar o celular, prestar atenção ao conteúdo, não interferir a menos que seja parte do espetáculo e somente avaliar o resultado final depois de ter acabado.

Igualmente difícil é só sair da platéia, caso a peça esteja mesmo intragável. Principalmente se, para sair, precisamos bradar que está muito ruim. Vamos apenas sair, sem retirar de outras pessoas o direito de continuar assistindo. A cada um o seu direito de estilo...

Estou me retirando da platéia aos poucos. O público está conformado com o que vê. Até mesmo com o ingresso que fica mais caro, depois que já foi pago na bilheteria. Se é assim, assim é.

O que exijo para mim e para qualquer outro é o direito de montar nossos próprios espetáculos. Ninguém pode ter o monopólio da apresentação, nem o monopólio de uma arte. Nenhum ditador de fundo de quintal prospera para sempre. O mundo já sobreviveu a milhares deles.

O que pode matar o mundo é a ausência de público qualificado. Inclusive fazendo seu espetáculo à parte.

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