sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Protegendo a incompetência

Após decretar o aumento de impostos sobre os veículos importados, o Governo Federal deixou para os cidadãos uma escolha difícil. Vale a pena proteger a "indústria nacional" a qualquer preço? A resposta pode não ser tão óbvia quanto parece.

Primeiro, a indústria automotiva no Brasil é muita coisa, menos nacional. Ela é alemã, americana, italiana, francesa e japonesa, majoritariamente. Os lucros advindos de sua atividade alimentam outras economias com mais intensidade que alimentam a economia brasileira. É claro que nos beneficiamos de sua instalação aqui, mas isso não é motivo para penalizar os brasileiros além da conta.

Em segundo lugar, essa indústria já aprendeu que o brasileiro aguenta ser explorado para além do limite da seriedade. O fato de pagarmos impostos de primeiro mundo, aceitando prestação de serviços com padrões de terceiro mundo, é um vetor de ganância que já se instalou nas montadoras aqui baseadas.

Por isso pagamos o dobro pelos produtos aqui produzidos, sem que haja qualquer atitude concreta de defesa da dignidade do brasileiro, nestes casos. Proteger esta indústria é nada mais que proteger um sistema que se alimenta disso mesmo: da exploração absurda da força de trabalho local. E convenhamos: pagar 40 mil reais por veículos que não contam com ABS e airbag de série é uma afronta à vida.

A inteligência e a seriedade não fatores que estão acima de uma nacionalidade, de uma bandeira única. Valorizar o mercado local pode ser um bom caminho para que o Brasil se desligue de sua realidade anacrônica. E passe a gerar riqueza para os brasileiros, em primeiro lugar.

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