quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Vamos economizar o Flávio

O engenheiro químico Flávio Pinto, atual diretor do Departamento de Águas e Esgotos de João Monlevade, deve ser uma pessoa de muita têmpera e precisará de muita paciência conosco, na sua caminhada de gestão. Não digo isso como um desafio ou como um pedido, apenas reflito que sua posse ocorreu num momento de grande crise de identidade da Autarquia.

Cerca de quarenta dias após o anúncio de que os cofres do DAE seriam sangrados em 700 mil reais, o ex-diretor Geraldo Amaral pulou fora do barco. Não é necessária nenhuma pirotecnia intelectual para entender os motivos. Até porque cerca de 15 dias antes da saída de Geraldo Amaral, o Prefeito decretou um aumento de 8,35% na tarifa dos serviços prestados pelo DAE.

Com esta manobra, a equação de governo fechou com os moradores da cidade (todos eles) pagando aquele saque feito na boca do caixa. Sim, para a Prefeitura o DAE também é o Bando de Desenvolvimento Municipal.

Um pouco depois disso, a Secretária de Fazenda compareceu a uma Audiência Pública para explicar que a Prefeitura está com suas contas em dia e com dívidas de rolagem normais. Enquanto isso, o Hospital Margarida está suando litros para receber os valores de convênio pactuados com a PMJM.

Basta analisar todo o conjunto para entender porque eu tenho duas frases que explicam momentos diferentes do Executivo: "Chutou o balde" e "Esse caixão já desceu". Uma pena que, tendo assimilado essas duas condições, o Executivo optou pelo escárnio puro contra a população monlevadense. Seria mais digno iniciar todo um momento de enxugar a estrutura e livrar a cidade de um papagaio para pagar no curto prazo.

Sei que é pedir demais, porque este governo se espelha na esfera federal: na crise, gasta-se. A diferença é que o Governo Federal tem o Tesouro Nacional para bancar suas apostas. O município só tem o DAE ou empréstimos externos. E isso, não há mágica que possa resolver.

A crise pode significar oportunidade. Só que este fator depende de quem a enfrenta. Se não houver competências para identificar as duas, há o risco de toda oportunidade virar uma crise. Eis o motivo pelo qual iniciei o artigo com este pedido: vamos valorizar o trabalho do Flávio o quanto pudermos, até prova em contrário.

Quando ele chegou o ônibus já tinha começado a despencar ladeira abaixo, há muito tempo.

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