Que tal testemunhar na Câmara?

Daqui a pouco será possível  testemunhar na Câmara Municipal a votação que autorizará mais um empréstimo para o Executivo. Faz parte da obrigação cívica e andei afastado uns tempos por causa do trabalho, portanto é muito possível que eu não consiga comparecer hoje também.

Mas fomos provocados: vi carro de som nas ruas e ouvi "spots" de rádio convidando a população para pressionar a votação favorável. Não vou me alongar. Da última vez em que o Legislativo arreganhou as pernas para livrar um trocado, a população carente de João Monlevade pagou cerca de um mês depois.

Agora os vereadores estão de novo com a faca no pescoço. A dívida não é deles, mas será em breve. Caíram na armadilha de ficar a reboque de um Executivo que, finalmente, revelou um talento genuíno de governança: sabe endividar o futuro sem mudar em nada o panorama do presente.

Se eu disser que não tenho esperança nenhuma, estarei mentindo. Tenho esperanças de que pelo menos um dos aliados de Gustavo Prandini reflita melhor. Ele encerrou sua carreira política porque quis, não porque foi forçado por um vereador de base. Quem se arriscar agora estará arriscando seu próprio futuro político, podem apostar nisso.

Ainda bem que saímos de uma conferência municipal muito produtiva sobre a transparência pública. Amanhã ninguém poderá dizer que foi surpreendido quando a conta chegar. E alguns deles poderão estar ali mesmo, na Câmara, para explicar muito à sociedade monlevadense quando as prestações começarem.

E vamos, como diz Zé Henriques, capinando a montanha. Porque subir está a cada dia mais difícil.