terça-feira, 30 de junho de 2009

Tá certo?

Após uma das reuniões de trabalho da Polícia Técnica em Belo Horizonte, o happy hour corria tranquilo até um colega me questionar, sobre nossa pouca representatividade social, aqui em Monlevade.

O momento mais delicado aconteceu entre uma dose de uísque e uma discussão sobre a questão das drogas, onde fui sabatinado:

- Célio, você realiza palestras voluntárias, por exemplo? Eu faço isso na minha comunidade. Faço valer o status de Perito, senão como a sociedade vai reconhecer o valor das nossas funções?

Olhei para a garrafa de uísque, para os maços de cigarro espalhados sobre a mesa, e para dentro de mim mesmo. Não respondi nada e deixei que a conversa tomasse outros rumos. Como é que eu diria para o colega que não faço palestras edificantes contra o uso de drogas?

Agora me pergunto: tá certo? Só quem caiu pelo despenhadeiro conhece o medo da descida e a pancada do chão?

Alguém mais esperto que eu vai ter que achar a resposta. Continuo acreditando que não tenho pilares éticos para palestrar contra o abuso de drogas, sabendo que meu público-alvo teria que me incluir. Prefiro ficar com o que faço bem, que é analisar os fundamentos técnicos da ocorrência de um crime, sem precisar praticar cada um deles para entender que é errado e destrutivo para a sociedade, qualquer uma, que haja crimes.

Agenda oculta? Às vezes, estamos do lado errado do tablado. E temos uma vergonha e uma repulsa tão grandes em reconhecer este fato, que desqualificamos a platéia. Às vezes, fazemos até pior: qualificamos nosso erro. Por isso usamos drogas lícitas, como se a Lei as tornasse benignas à nossa saúde, e palestramos veementemente contra todas. Quando nosso caráter é estreito, mesmo que lícito, tá certo... Ou não? Alguém aí precisa de um palestrante?

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