terça-feira, 24 de novembro de 2009

Centro esquerda liberal?

Esta é a definição, o rótulo, que surgiu para avaliar minhas convicções quando utilizei o politicômetro, uma ferramenta até interessante pelo aspecto lúdico e apesar de estático, da sua análise.

Concordar ou não concordar é irrelevante. Um rótulo é uma tradução possível, quando a profundidade do que se observa nos eacapa aos olhos. Como uma janela seletiva, o que um indivíduo enxerga pode não ser, necessariamente, enxergado por outros. Assim o rótulo será único.

Mesmo a rotulagem coletiva possui um calcanhar de Aquiles. Nada é estático, nada é imutável. Uma rocha é apenas a areia de amanhã...

A mutabilidade se aplica a mim. Este post, por exemplo, vai com links de ajuda, ao contrário do que prego, que á o prazer pela busca. Para manter o cérebro lúcido e funcionando, sabe? Ele é como uma espécie de katana sem origem nobre: o gume e o fio devem ser trabalhados o tempo todo, ou o samurai estará sempre abandonado.

Logicamente, espera-se da mutabilidade algum grau de coesão e coerência. Em humor irônico: "Quem não é socialista aos 18 anos é louco. Quem continua após os 30, também." Esta é uma das exceções que confirmam a regra.

A regra, como sabemos, reside em manter uma linha de unidade em torno do que somos, do que pensamos e de como agimos, em valores éticos.

Em política, a ética prevalece. O que se questiona são os padrões morais, variáveis e mutáveis como as sociedades nas quais se inserem. Explicar a um leigo e neófito como funciona o fato de que o aliado partidário de hoje ser o adversário de amanhã, tomaria um tempo e uma profundidade que o blog não possui.

Basta entender que o alinhamento partidário é moral, enquanto o alinhamento político é ético. O primeiro pode mudar a qualquer tempo e dependendo de muitas circunstâncias, enquanto o segundo só muda com uma vivência séria e compenetrada, repleta de reflexões maduras e sensatas, e sempre como motivador, nunca como oportunismo.

Se meu adversário partidário de hoje pensa como eu, nada impede que amanhã seja meu aliado. O maior exemplo é nosso presidente. Para minha infelicidade pessoal, os alinhamentos políticos dele também mudaram, e muito, o que não deveria acontecer em política ética.

O meu alinhamento político, desde que fui filiado ao PT nos anos 80, mudou. Não acredito mais em radicalização de propósitos. O meu alinhamento partidário, claro, nunca foi ancorado. Defeito meu e defeitos de nossos partidos, que se recusam a amadurecer.

O importante, neste exemplo, é que meu alinhamento partidário mudou porque devia. O político, porque eu mudei enquanto pessoa. Qual dos dois estaria equivocado? Talvez os dois, talvez eu seja equivocado enquanto pessoa. Talvez nenhum deles, se levarmos em conta as explicações anteriores.

O ápice da Democracia reside em respeitar estes alinhamentos, ainda que não se concorde com eles. Reside, muito e principalmente, em apenas verificar se mudam como sapato de dondoca ou se mudam como o curso de um rio. Os sapatos de dondoca minam a Democracia, os cursos de rio a fortalecem.

Transportando para o cenário político municipal, a lição que ficará do momento é muito singela: um alinhamento político novo está tentando abrir seus caminhos.

Sendo novo, cometeu e cometerá erros de trajeto, como seus predecessores. Será massacrado pelos comentários adversários e será defendido pelos aliados leais. Tudo isso é democrático.

Sempre haverá quem não saiba jogar, claro. Falar em democracia é muito mais fácil que praticá-la. Mas a vida tem filtros, e são implacáveis. Para adversários e para aliados.

O jovem prefeito Gustavo Prandini pode estar Prefeito em 2010. Pode não estar. O que mudará, lamentavelmente, será a quantidade de companheiros de trajetória. Estando Prefeito, num segundo ano de mandato com menos erros e mais traquejo, estará cercado de "amigos".

Estando apenas cidadão, estará quase sozinho. E os filtros da vida se encarregarão de iluminar seus próximos passos. Com menos "amigos" e mais aliados (atuais s-u-b-a-l-t-e-r-n-o-s, para não restar dúvidas) para escolher como companhia futura.

Acho desnecessário afirmar que não há nomes porque não tenho conhecimento e capacidade, bem como não participo de decisões do Prefeito e não falo em seu nome, para apontar nome algum.

É a caminhada que revelerá o caminho.

Para que não haja qualquer dúvida ética, eu estarei ao lado do Ex-Prefeito Gustavo, se esta condição for a resultante de Democracia de que tanto falamos. E não concordarei com os mecanismos que levaram à ela, mas terei que acatá-los. E ponto final. Isto é defender a Democracia. Estarei ao lado até que seja dispensado de ali estar, porque não podemos nos impor a alguém.

Para que não haja qualquer dúvida ética, é óbvio que só concordo com metade do que ele faz. Mas defendo o direito dele de errar. Um homem melhor advirá daí, sei por experiência própria.

Até o momento, salvo equívoco, engano ou omissão de minha parte, os cofres públicos não foram sugados em milhões por causa de seus erros. Quanto aos adversários, bem...

A mim, resta manter-me centro esquerda liberal, pelo politicômetro. Mas o rótulo que me dei parece mais adequado. Está ali no perfil, e começa assim: Quem sou eu? Eu sou ninguém...

Agenda Oculta? Razão imutável é como ignorância imutável. Não existe realmente, senão como desídia dos olhares.

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