quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

As faturas chegam, cedo ou tarde

São muitos anos de desvario gerencial, o que não chega a ser uma exclusividade monlevadense. Por todo o país, quem administra o dinheiro público costuma gastá-lo sem projeto consistente a embasar a decisão.

Entretanto, como costumo dizer, estou me lixando para o resto. Preciso cuidar da minha casa, e se todos pensassem assim as casas estariam arrumadas e a vizinhança, qualificada.

A administração atual realizou seus desvarios, também. Não é demérito, mas ainda assim não é animador que tenham ocorrido. O fato de que tenham sido mínimos, em relação ao que já foi visto, traz um pouco de esperança a quem, como eu, é nascido para gostar de Monlevade.

O momento é delicado. Algumas faturas estão chegando ao mesmo tempo. O "Hospitalão de milhões", a falta de planejamento da malha viária, a construção do Bairro da Farinha, o abandono completo do Bairro São João, o buraco que potencializa a correnteza das chuvas, a pouca manutenção de sistemas de controle sobre os serviços básicos...

Quem me lê tende a acreditar que eu só vejo desgraças pelo caminho. Grande engano. Vejo que poderíamos inovar realmente, mas repetimos fórmulas consagradas com medo de errar.

Uma pena. O erro ocorre indistintamente, mesmo quando se aplicam fórmulas consagradas na gestão pública. Aliás, talvez seja esta a fonte do erro maior.

Gastar pouco, gastar muito, gastar quando? Ora, a pergunta principal deveria ser "gastar bem ou mal"? Porque quem gasta bem não se arrepende. Recursos, não importa quais sejam, possuem custo-benefício. Em administração mais direta, se o seu investimento gera lucro, faça-o. Se não gera lucro (seja econômico ou social) deixe de lado.

O maior mérito que o Prefeito Gustavo Prandini pode obter é não gerar faturas para o futuro. E gerar a maior quantidade possível de lucro para a cidade. Neste ponto, bato novamente numa tecla gasta pela ponta dos dedos: João Monlevade se ressente não de seus políticos, mas de suas respectivas equipes.

Como as razões de assessorar quase sempre se pautaram pelo "bico" e pela sinecura, tantos prefeitos afundaram a cara como maus gestores. Existe alguma razão neste fato, porque escolheram mal suas equipes.

É hora de repensar este círculo vicioso. Para além da assessoria política, deve haver uma boa equipe técnica. Para haver uma boa equipe técnica, é necessário haver boa remuneração e muita, muita cobrança de resultados práticos e efetivos. Ou alguém imagina que outros motivos haveriam, por exemplo, para justificar o pouco interesse de médicos pela função pública?

A construção de qualquer futuro depende do trabalho que se realiza no presente. Um trabalho medíocre resulta em um futuro igual. Mas a conta fecha do mesmo jeito, para um trabalho pensado, planejado e executado com excelência.

Agenda Oculta? Absolutamente nada sobrevive ao crivo das causas, resultados e consequências. O maior desafio é que as consequências sejam benéficas para os herdeiros de nossa atuação agora. Porque se forem maléficas, nossa tendência em individualizar ações estará sempre lá. Para arrasar a reputação de prefeitos, porque ninguém se lembra das equipes.


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