Na Língua Portuguesa, uma das armadilhas mais mortíferas reside na inexata definição de concordância ideológica. Esta não é uma ferramenta simples, nem tão difundida ao usuário jovem, em formação incipiente, ou neófito na utilização de nossa Língua.
Não entrarei nos detalhes técnicos e cientificamente estebelecidos, em sintaxe e em semântica, para clarear esta discussão. O tópico se estenderia demais.
Vou tentar uma abordagem popular. Quando leio algo descrito como "da gente", só posso imaginar como sendo de um grupo seleto e pequeno. Porque a Língua Portuguesa utiliza de forma mais elegante e eficiente a expressão "de todos" para desenhar a pluralidade de destinos. O vocábulo "universal" para definir a pluralidade de aplicações. O termo "de todo mundo" para implicar numa ideia de abrangência que seja entendida...bem, por todo mundo que receba a mensagem.
Um contraponto possível, mas não desejável ao emissor de uma mensagem, é o de conflito de interesses. Na expressão "o governo não tem dó da gente ao criar imposto novo" fica evidente o conflito Poder Público Arrecadador x Massa de Contribuintes "arrecadados". Já em "A saúde da gente está pela hora da morte", a mais comum das funções pluralizadoras desta expressão vem à tona de forma mais natural. "Da gente" funciona bem para a desgraça e o infortúnio, mas não funciona de forma clara para o benefício e a satisfação.
Daí, uma conclusão possível é que a expressão "da gente" pode e deve ser utilizada por um corpo amplo, quando delimitada por um estilo coeso que a antepare. Tratando-se de um corpo estrito, o caráter reflexivo (volta-se em direção ao emissor) torna-a pouco eficiente e muito suscetível a interpretações erôneas, porque restritivas.
A Prefeitura de Monlevade usou e abusou do "da gente". Louvável porque queria dizer que representa todo o povo de Monlevade, o que é correto em essência. Mas perigoso, porque a comunicação deixa claro que não há espaço para a dissidência e para o confronto de ideias e debates.
O governo atual não possui 100% de aprovação. Nenhum governo, jamais, o terá. Não enquanto ainda formos humanos livres. Aos ouvidos de quem não apoiou o atual governo, este "da gente" soa como "da gente", entende? Não de todos, não de todo mundo, não da cidade inteira como patroa. Mas daquele grupo gestor que ali está.
Pode não ser a ideia. Mas a sujidade da comunicação não prevê benefícios para os amigos. Comunicar de forma limpa, de forma simples, ainda é a melhor maneira de utilizar esta poderosíssima (e complexa) ferramenta que á a Língua Portuguesa. Em todos os seus remansos e redemoinhos...
Ou teremos que aguardar o Dia de Finados "da gente" para perceber que a expressão não é universalizadora, como deveria ser?
Nas ruas, os buracos "da gente" já estão cansando pelos comentários jocosos. Os prazos "da gente" já estão começando a ficar diferentes dos prazos que seriam para todos. O governo "da gente" começa a se distanciar do que deveria ser para todos. E o saco da gente, para o Bem e para o Mal, não é infinito. Um dia enche mesmo. Para a desgraça o da gente é perfeito, lembrem-se...
Agenda Oculta? Nem eu sei. Aguardo que alguém explique, com coerência e com argumentos sólidos, porque a gente não está entendendo o "da gente", teimoso como ele só.
Não entrarei nos detalhes técnicos e cientificamente estebelecidos, em sintaxe e em semântica, para clarear esta discussão. O tópico se estenderia demais.
Vou tentar uma abordagem popular. Quando leio algo descrito como "da gente", só posso imaginar como sendo de um grupo seleto e pequeno. Porque a Língua Portuguesa utiliza de forma mais elegante e eficiente a expressão "de todos" para desenhar a pluralidade de destinos. O vocábulo "universal" para definir a pluralidade de aplicações. O termo "de todo mundo" para implicar numa ideia de abrangência que seja entendida...bem, por todo mundo que receba a mensagem.
Um contraponto possível, mas não desejável ao emissor de uma mensagem, é o de conflito de interesses. Na expressão "o governo não tem dó da gente ao criar imposto novo" fica evidente o conflito Poder Público Arrecadador x Massa de Contribuintes "arrecadados". Já em "A saúde da gente está pela hora da morte", a mais comum das funções pluralizadoras desta expressão vem à tona de forma mais natural. "Da gente" funciona bem para a desgraça e o infortúnio, mas não funciona de forma clara para o benefício e a satisfação.
Daí, uma conclusão possível é que a expressão "da gente" pode e deve ser utilizada por um corpo amplo, quando delimitada por um estilo coeso que a antepare. Tratando-se de um corpo estrito, o caráter reflexivo (volta-se em direção ao emissor) torna-a pouco eficiente e muito suscetível a interpretações erôneas, porque restritivas.
A Prefeitura de Monlevade usou e abusou do "da gente". Louvável porque queria dizer que representa todo o povo de Monlevade, o que é correto em essência. Mas perigoso, porque a comunicação deixa claro que não há espaço para a dissidência e para o confronto de ideias e debates.
O governo atual não possui 100% de aprovação. Nenhum governo, jamais, o terá. Não enquanto ainda formos humanos livres. Aos ouvidos de quem não apoiou o atual governo, este "da gente" soa como "da gente", entende? Não de todos, não de todo mundo, não da cidade inteira como patroa. Mas daquele grupo gestor que ali está.
Pode não ser a ideia. Mas a sujidade da comunicação não prevê benefícios para os amigos. Comunicar de forma limpa, de forma simples, ainda é a melhor maneira de utilizar esta poderosíssima (e complexa) ferramenta que á a Língua Portuguesa. Em todos os seus remansos e redemoinhos...
Ou teremos que aguardar o Dia de Finados "da gente" para perceber que a expressão não é universalizadora, como deveria ser?
Nas ruas, os buracos "da gente" já estão cansando pelos comentários jocosos. Os prazos "da gente" já estão começando a ficar diferentes dos prazos que seriam para todos. O governo "da gente" começa a se distanciar do que deveria ser para todos. E o saco da gente, para o Bem e para o Mal, não é infinito. Um dia enche mesmo. Para a desgraça o da gente é perfeito, lembrem-se...
Agenda Oculta? Nem eu sei. Aguardo que alguém explique, com coerência e com argumentos sólidos, porque a gente não está entendendo o "da gente", teimoso como ele só.
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