segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Treze anos e um resultado visível

Comecei a coletar mortos e despedaçados na BR 381 em 1996. Nem vou colocar os números totais aqui, já estamos indiferentes. Somente uma coisa mudou, nestes treze anos: o quanto eu passei a pagar de impostos. E imagino que muitos de vocês também perceberam esta mudança "significativa" nos bolsos.

Alguns crimes, de tão dissimulados, deveriam ter considerados mais crimes ainda.

2 comentários:

MARCOS MARTINO disse...

Célio, gostaria de saber esses números. Seria uma contribuição até para pautas jornalísticas. Imagino que muitas guerras tenham vitimado menos.

CÉLIO LIMA disse...

Opa, obrigado pela visita Marcos! Eu posso até te informar, mas são meus números pessoais, ou seja, apenas um quinto da atuação total de Polícia Técnica em João Monlevade, em média.

A projeção estatística não seria precisa para os números absolutos totais (TODOS os Peritos de trânsito x todos os eventos de morte instantantânea + eventos de morte em consequência de desastres + eventos de morte em acidentes não notificados).

E a compílação destes dados é trabalho jornalístico, o qual eu não posso encampar. Respeito ao trabalho dos jornalistas sérios é uma das minhas regras de conduta.

Quanto à sua comparação com as guerras, posso afirmar sem medo de cometer um erro: de 1996 até hoje, a calha Norte da BR 381 já matou mais pessoas que todos os soldados americanos mortos desde a Invasão do Iraque.

A guerra do trânsito é mais insidiosa que uma guerra convencional, já que não há um "sentimento de nação" a favor ou contrário a ela. Só há mesmo, uma indiferença indolor a respeito dos que se foram.

Claro, ninguém jamais perguntou aos Peritos, Bombeiros, Patrulheiros e demais Policiais e Voluntários de rodovias como eles estão, depois de tantos anos de visualização da dor de algumas famílias.

As respostas talvez movimentassem a sociedade um pouco mais. No meu caso, não sobrou muito do ser humano que eu era há treze anos.

Imagino que os colegas estejam em situação semelhante.

Um abraço, e votos de sucesso para este ano!