quinta-feira, 25 de março de 2010

Plano de viagem


Só construo pequenas ações. São todas, isoladamente, inócuas para melhorar minha cidade. Reconheço isso, na medida em que os resultados em nada impactam o ambiente que nos envolve em João Monlevade.

Mas os resultados me impactam profundamente. Cada pequeno gesto e cada mínima ação voluntária me tornam mais humano. Ou impedem o avanço de minha bestialização. Talvez seja essa a maior contribuição que eu, individualmente, possa oferecer para construir uma cidade melhor.

Fui criado numa pauta de vivências que trazia um princípio inescapável: se um indivíduo deixa de ser calhorda, haverá um calhorda a menos no mundo. E isto, positivamente, impacta a humanidade inteira.

Trago comigo, desde o nascimento nas Três Casas até os dias atuais no República, onde provavelmente vou morrer, esta garra de brigar contra tudo e contra todos, se for preciso. Basta que o resultado final seja justo e benéfico para todos.

Trago ainda outras marcas, muitas oriundas das traições que me envolveram. E um selo de qualidade fictício, só meu, que informa: "Este não trai e não apunhala sem olhar nos olhos do adversário."

Tudo isso é muito pouco. E é muito, considerando-se o que vejo em minhas andanças por este mundo. Estou aqui, como todos nós, só aproveitando a passagem que comprei. De orgulho genuíno só carrego comigo a certeza de que, ao final da viagem, não terei emporcalhado a poltrona em que viajava, nem tornado a vida dos outros passageiros um inferno.

Vou descer no ponto certo, agradecer ao pessoal de bordo do ônibus, e seguir junto com todos os outros em direção a um horizonte desconhecido. Com a certeza de que fiz minha viagem valer a pena.


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