Ao longo de um casamento de 15 anos com uma professora da educação de base, formulei uma convicção muito pessoal, mas que pode ser considerada abrangente: o Brasil está amarrado a uma política de andar muito para chegar ao mesmo lugar.
Digo isso porque, é claro, convivo com muitos professores. Inclusive sou professor, mas não estou professor dentro de uma sala de aulas. Questão de sobrevivência...
O verdadeiro Professor (com P maiúsculo) está na lista das espécies em extinção. A eficiente política de esvaziar esta carreira, tão nobre, vai começar a produzir resultados em breve. A grande maioria dos Professores está por aposentar. E as novas gerações, em média, são compostas não por professores, mas por profissionais da Educação.
A diferença é grande. A carreira exige amor pela causa, e não só compromisso com o patronato e com o público cliente. Educação não é empreendedorismo. É função que, me perdoem os empresários, deveria ser exclusiva de Estado. Mas com qualidade, com eficiência, com investimento pesado, com qualificação e com amor à causa. Até por quem paga os salários e adquire novas tecnologias.
Se há empresários atuando na área, é apenas pela absoluta incapacidade do Estado em gerir o assunto de forma serena, sem oba-oba, sem falácias, sem razões mal enjambradas. E ainda bem que há empresários para suprir este crime de Estado. Caso contrário estaríamos com indicadores educacionais próximos aos do Zimbábwe...
Mas é péssimo para o Brasil que haja tanto espaço para os empresários na área. Nem vou entrar em detalhes de economia. O assunto é autoexplicativo.
A carreira de Professor foi relegada a uma função menor. Maravilha... Para o futuro, mais e mais dinheiro será gasto para suprir as deficiências do sistema, quando seria óbvio e mais inteligente resgatar a dignidade dos principais atores deste sistema: os professores.
Amor não se mede em salários. Todo mundo sabe disso. Mas é possível viver de amor, trabalhando em qualquer área. E é impossível viver de Educação, contando só com o amor. Um engenheiro bem remunerado é garantia de que as pontes continuarão ligando as margens dos rios. E ele não precisa ter amor a pontes ou rios.
Um Professor mal remunerado é garantia de que as pontes não ligarão o agora ao futuro. Porque isso requer amor para o sempre, mas autoestima para o cotidiano. E ninguém paga contas só com amor.
Nossos potenciais Mestres estão optando por outras carreiras, porque a Educação Pública paga mal. E assim, os potenciais e futuros engenheiros, médicos, advogados, economistas, administradores, técnicos, enfermeiros, jornalistas, policiais - enfim - todos os outros profissionais estão sendo pouco desenvolvidos. O futuro do Brasil, se continuarmos desprezando a Educação Pública de base, é ser eternamente mediano. E pobre, porque só a Educação multiplica riquezas. Inclusive as não financeiras.
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