quinta-feira, 29 de abril de 2010

Meu riso é meu passaporte

Porque é através dele que eu transponho muitas fronteiras. Algumas, que ao primeiro olhar se mostravam longe demais, aproximam-se e se tornam simples pelo poder de me encantar, com as coisas e com as pessoas.

Eu me encanto facilmente, essa é uma verdade. Basta encontrar um ser humano digno, que queira jogar uma conversa fora... e pimba! Mais uma relação de cordialidade e carinho está estabelecida. E sem dependder de rótulos.

E me revolto com dificuldade, outro fato que não nego. Para me indignar com alguém, este alguém deve fazer uma força imensa e executar um pacote de trapalhadas muito generoso. E ainda há gente que consegue realizar tudo isso. É quase inacreditável.

Mas não perco o meu riso. Ele é meu passaporte para o coração dos outros. E é também um convite de entrada para o meu coração. Ele é minha identidade, neste mundo em que temos que ser alguém, por um motivo que nem nos é explicado direito.

Daí que meu riso é minha liberdade de ser, simplesmente, ninguém. Ou todo mundo, já que somos uma humanidade individual. Somos a potencialidade de sermos o mundo.

E gosto de imaginar que sou um ninguém com alguma qualidade a oferecer, porque esta é uma esperança para os alguéns que encontro no meu caminho.

Sem perder o meu pasaporte, mantendo minha identidade plural e anônima, posso trilhar o meu caminho. Ele é árduo, como o de quase todo mundo. Por isso minha bolsa de viagem leva tudo: flores para oferecer, água fresca para brindar, dinamite para detonar as pedras e muros de maior tamanho, cordas e aparelhagens de alpinismo...

Levo na bagagem a vontade de construir pontes. Mas levo também a certeza de que transporei todos os abismos, nem que seja com uma cordinha de nada. Sem perder o meu riso, minha alegria, minha esperança e minha fortaleza.

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