terça-feira, 25 de maio de 2010

Recortar/Copiar/Colar


Estes três verbos, que num passado não muito distante significam pouca coisa na vida da sociedade brasileira, agora estão carregados de significados. A Microsoft, do genial William Gates, o Bill Gates para os íntimos, tratou de criar "inteligência" onde nunca houve.

Sinal dos tempos. O genial Bill Gates recortou uma idéia da Apple, hoje sua concorrente no ramo da informática, copiou dando uma melhorada e colou no mundo. Hoje usamos produtos Microsoft em massa e consideramos Bill Gates uma das personalidades que mudaram o mundo.

A Apple? Ela continua mudando o mundo, mas de forma autônoma. Não recorta, não copia, não cola. Sua inteligência é própria, assim como sua luz empresarial. Mas faz alguma diferença?

Ficou tão fácil recortar ou copiar, para depois colar uma ideia como se fosse autônoma e nossa, que não há mais no mundo quem seja tolo. Pelo menos não há mais, no mundo, quem seja reconhecido como um. Ser inteligente ficou fácil demais, simples demais, cara-de-pau demais. Todo mundo pode ser gênio.

O resultado está aí, para quem ainda se lembra de que os olhos servem para ver. Ctrl-X, Ctrl-V, e a vida segue como um balé. Recortar, copiar, colar. Este é o maior legado que estamos deixando para as futuras gerações: como pegar uma ferramenta pensada para a produtividade e transformá-la numa ferramenta que nos garanta a inventividade, como se esta fosse possível de acontecer sem um único grama de luz própria.

Obviamente que não sou defensor da reinvenção da roda, a cada desafio que a vida nos oferece. Muitas realizações humanas, já meio esmaecidas pelo tempo, ainda são mais eficazes que qualquer coisa que possamos inventar e criar. Este não é o ponto.

O desabafo - inútil, eu sei - aqui representado é que estamos nos apoderando de luzes que não criamos, para minimizar a escuridão que realmente espalhamos à nossa volta. Enquanto nos apoderamos, alegremente e levianamente, da paternidade destas luzes.

Ok, vocês venceram. Estes escritos não encontram ouvidos dispostos a decifrar seus sentidos. É mais fácil recortar/copiar/colar uma apresentação mais simples e deixar a vida nos levar, vida leva nós... (Ctrl-X, Ctrl-V, Editar, Ctrl-C, Colar, e Zeca Pagodinho nem vai saber...)

Mas sempre há algum ponto que não se encaixa na curva. Eu tenho muito receio de que algum dia, este mundo resolva abrir o laptop, selecionar a humanidade e digitar alguns comandos simples: Ctrl-X, Ctrl-V, Selecionar Tudo, Editar, Ctrl-C, Colar...

P.S - Ctrl-C e colar, juntinhos, são uma forma irônica de dizer que alguns de nós nem sabem o que é Ctrl-C. Triste é ter que explicar, já que poucos usam Ctrl-X, Ctrl-C com propósitos nobres. Como por exemplo apreender, a partir da análise crítica, o conteúdo da edição de certos textos que lemos no fluxo de uma vida.

P.S 2 - Não, não recortei nem copiei do Google.

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