quinta-feira, 17 de junho de 2010

A reinvenção da roda


Percebo que as gerações se sucedem em João Monlevade, com perda de um senso crítico que faz muita falta. Este é um fenômeno global e não deve nos envergonhar. Os americanos veneram Paris Hilton e Cris Brown... Os ingleses veneram uma rainha... Os franceses são xenófobos... Os indianos vivem em castas.

E o que João Monlevade tem a ver com isso? Bem, as semelhanças nos unem. O que nos separa, com muito vigor, são as diferenças. Aos americanos sempre é possível elogiar o respeito às leis e às instituições.

Aos ingleses, pode-se creditar o nascimento de uma sociedade que é o berço da era industrial e, portanto, da real possibilidade de que as pessoas possam lutar pelo enriquecimento por seus próprios méritos, apesar da rainha ser sempre a britânica mais rica.

Aos franceses, deve-se levar em conta que mesmo o mais xenófobo deles não consegue imaginar o futuro de seu país, acontecendo sem a força de trabalho e de construção dos imigrantes.

Aos indianos, fica a lição de que a educação enriquece nações. E portanto enriquece indivíduos. Por consequência, enriquece o mundo.

Basta começar a escrever e percebemos, com uma estranheza incomum, que não há diferenças reais. Só semelhanças inversas.

A maior delas: nenhuma nação, estado ou cidade do mundo consegue evoluir se busca o Santo Graal ou a reinvenção da roda. Pessoas e processos evoluem quando conseguem fazer bem o básico, o conhecido, o eficaz ao longo dos tempos.

Obviamente que novas ideias e novos projetos correm em paralelo para acelerar este processo de evolução. Mas o que consolida o ambiente para o surgimento de ideias revolucionárias? Isso mesmo, as receitas de sobriedade e de condutas que já foram testadas e comprovadas pelo mundo inteiro.

Quando uma sociedade é induzida a pensar que o novo é sempre melhor e que o velho é sempre ultrapassado, passa a acreditar que o LED é mais importante que as imagens que reproduz. Mas o processo de captação e de transmissão destas imagens é o mesmo há mais de 60 anos...

Eu gosto da modernidade. Mas não acredito, sinceramente, na reinvenção da roda. Não importando q uem assine em baixo do projeto. Porque a maior modernidade está sempre na capacidade de se reinventar, para buscar novos usos para a roda.

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