quinta-feira, 17 de junho de 2010

Sua multinacional é pior do que a minha, rárárá!


Em 1989, o superpetroleiro Exxon Valdez despejou cerca de 41 milhões de litros de petróleo cru numa região selvagem do Alasca. O desastre ambiental e social teve repercussões fortíssimas, mas inócuas. Até hoje a companhia responsável recusa-se a pagar pela recuperação da área, e insiste em negar sua própria irresponsabilidade no evento.

Naquela época, o conceito de que o meio ambiente seja a nossa maior riqueza simplesmente engatinhava. Hoje, muito mais pessoas e instituições possuem a consciência desta realidade. O que nos diferencia do mundo de 1989 é que sabemos que o meio ambiente é também um fenônemo social, não abrangendo apenas foquinhas e pererecas exóticas.

Envolve a qualidade de vida do ser humano, que não pode ser expropriada em nome de lucros individuais ou minoritários, apenas. Quando todos ganham, ninguém perde. E o planeta tende a ser melhor compreendido e melhor tratado. Coerente, se considerarmos que ainda é a nossa casa.

A BP - Bristish Petroleum - fará o mesmo (refugar, negar, não assumir, driblar suas responsabilidades) com relação ao vazamento monstro de petróleo cru no Golfo do México, acontecido recentemente. Até bolas de tênis a companhia comprou para despejar no oleoduto estourado, para evitar perder mais dinheiro com o vazamento. Mas irá evitar todas as tentativas futuras de ressarcimento, que as sociedades eventualmente façam para que o mundo não pague esta fatura a mais.

Empresas tem sua natureza própria. Elas não existem sem que a sociedade lhes fundamente o negócio, seja ele qual for. Mas na hora da bonança, apenas. Porque na hora da tempestade, o que as grandes empresas mais gostam é de dar uma banana para as sociedades e se refugiar nos seus mundinhos de bilhões. Mundinhos construídos com parte do dinheiro de bilhões.

As sociedades podem viver sem as megaempresas. Não com o mesmo conforto, talvez não com as mesmas perspectivas de futuro. Mas podem. O contrário não existe. Sem as sociedades, megaempresas servem para o quê, mesmo?

Refletir sobre o seu próprio papel, este talvez seja um dos maiores legados que uma sociedade pode deixar para gerações futuras. E agir de forma serena e firme, de acordo com convicções firmes e includentes.

Enfiar a cabeça na terra e deixar o rabo de fora não serve para salvar o avestruz. Não deve, do mesmo jeito, servir para salvar uma sociedade inteira. Será que que vale a pena mandarmos um e-mail para os gringos, dizendo: "Sua multinacional é pior do que a minha, rárárá?"


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