sexta-feira, 30 de julho de 2010

Botões de rosa e espinhos


Pequeno e só, na imensidão de tantos espinhos que o cercam e o sitiam, um botão de rosa talvez não possa pensar em outra coisa que não a injustiça de sua vida: tanta beleza cercada por tanta dor não pode ser natural...

Mas, será? A cisão entre a beleza impermanente e a violência presumida - representadas pelo botão cercado de espinhos - não traduz uma vontade maior de quem criou tudo?

Não existe beleza verdadeira se ela não puder ser utilizada para o bem. Não existe inteligência verdadeira se ela se afasta do que é racional. Não existe capacidade verdadeira se ela permanece como um gerador parado. Potencial não é resultado, mas a expectativa dele.

Vivemos uma vida por dia. Estranho é perceber que há pessoas que vivem apenas um dia por vida, e agem como se este fato pudesse ser considerado natural. Não é. Tudo que se move muito rápido, em perspectiva, transforma quase tudo em sua volta numa filmagem em câmara lenta.

Os detalhes passam a ser as cenas. O olhar de volta, por sua vez, visualiza apenas um borrão, uma lembrança acontecendo de algo que não poderá ficar na memória, porque não formou uma imagem possível de ser interpretada.

Botões de rosa e espinhos, cada um à sua maneira, fazem a ligação entre o belo e o necessário. Dependendo da velocidade de quem passa e olha, porque em alguns casos o que ficará é apenas um borrão. A história das rosas e dos espinhos será apenas uma lembrança tênue, de uma imagem não formada na retina.

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