terça-feira, 31 de agosto de 2010

Pontes ou fortalezas


Pontes e fortalezas são feitas do mesmo material básico: areia, pedra, cimento, ferragens. O destino final, como sabemos, é que diefere muito. Fortalezas são espaços de isolamento e de defesa contra os conflitos. Pontes são espaços de união, para que os conflitos sejam definitivamente solucionados em conjunto.

Estou completamente convencido de que não possuímos estatura de caráter para criticar os árabes e os judeus. Para criticar os bósnios e os sérvios. Ou os indianos e os paquistaneses, e por aí vai. Somos radicais, nervosos, intolerantes e inflexíveis.

Uma metáfora possível seria a do navio que afunda. Onde há diálogo, quem está naufragando busca, pelo menos, ganhar o máximo de tempo possível. Pode ser que um balde de água a mais, quando retirado, garanta segundos preciosos para se chegar a algum ancoradouro. Onde falta o diálogo, cada um busca sua solução particular.

Às vezes, esta solução passa por fazer outro rombo no casco, para que a água possa sair por ele. Uma ingenuidade, mas não há diálogo mesmo... Metaforicamente falando, é por isso que tantos navios são encontrados no fundo das águas, com o casco parecendo um tabuleiro de pirulito.

Gosto de pontes. Também gosto de fortalezas. Dizer o contrário seria dizer que estou acima de tudo e de todos. E sou só ninguém, portanto não posso dizer. Mas entre as fortalezas e as pontes, somente estas me trouxeram algo de valor real para viver.

Fico com as pontes porque, ausentes, elas transformam fortalezas em túmulos.

Um comentário:

Manthis disse...

Célio,
O problema que vejo é quando a ponte possui falha estrutural. Vamos pensar no efeito pêndulo que acontece quando a ponte não aguenta a vibração da quantidade de tráfego, ou o sabor do vento a faz balançar demais.
O que me entristece é que muitas pontes podem realizar imensas tarefas, mas ainda não são usadas corretamente. Ou então o que trafega nela é tão insignificante, que quase não vale a pena ter uma ponte.
Pontes carecem de estruturas boas de ambos os lados. Ou então vemos o desgaste maior do que aparenta com a vida de todos.
Mas vamos subindo montanhas. A vista pode ser sempre melhor, dependendo sempre do olhar do observador!
Abraços!