segunda-feira, 14 de março de 2011

As ondas da indiferença

Sempre dialoguei com minha família no sentido de não sermos indiferentes. A indiferença corrói por dentro e humilha a todos aqueles a quem é endereçada de uma forma cruel. Um bom exemplo é a indiferença do Estado em relação a nós todos, cidadãos. Traduz-se hoje, principalmente, pela absurda falta de competência em administrar recursos públicos arrancados a ferro e fogo dos nossos bolsos. Há mais de trinta anos acompanho a vida de homens públicos neste país. Vejo apenas uma competência: a de gerir estes recursos em proveitos e interesses próprios.

A União arrecadou com a CIDE - Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico, cerca de 8 bilhões de reais por ano desde 2004, em média. Numa conta modesta, cerca de 56 bilhões de reais até hoje. De acordo com a Constituição, cerca de 29% desses recursos devem ser repassados aos Estados, que da verba recebida encaminharão 25% aos Municípios. Minas Gerais fica com, em média, 11,5% dos recursos distribuídos pela União.

Vamos lá: 56 bilhões x 29% = 16,24 bilhões, dos quais Minas ficaria com 11,5% = 1.867.600.000,00 nos últimos anos. A CIDE (pausa para gargalhada e desespero) foi criada com o pavoroso intuito de gerir dinheiro que seria empregado em infraestrutura. Mais ou menos como a CPMF que vai voltar rapidinho, é só aguardar, com dinheiro para ser empregado em saúde.

Provavelmente em infraestrutura de bolso de político e saúde financeira da família dele, é o mais certo que aconteça.

E nós estamos indiferentes. É deste tsunami que tenho mais medo, mesmo que meu coração esteja dolorido com as vítimas japonesas do tsunami natural que ocorreu lá, após um terremoto. 

O que me amedronta, muito, é que os nossos desastres nós criamos e alimentamos. Com muitas ondas de indiferença.

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