sexta-feira, 11 de março de 2011

Harmônicos e independentes

Estes dois ingredientes foram pensados, há mais de duzentos anos, para solidificar a Democracia. São componentes essenciais dos Poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário) que devem reger a vida comum. Ou vida em sociedade, como queiram.

Algumas nações deturparam vergonhosamente a essência do que se pensava. Harmonia não se vê, conforme era de se esperar, em quase nenhum lugar do mundo. Principalmente porque foi confundida com concordância, e isso nenhum mentor da Democracia teve em mente. Harmonizar é aceitar o outro, as ideias do outro, o debate vivo e a discordância que constrói.

Não é referendar, nem concordar. Mas entender o momento, a vox populi que deu ao outro o direito de dizer e agir, dentro das regras do minimamente ético e aceitável. Existe a contrapartida obrigatória: o outro deve entender que o Poder não pode ser abarcado: apenas o poder (com p minúsculo) pode.

Quando o detentor do poder está embriagado com ele, perdidamente apaixonado por ele, desavergonhadamente apegado a ele a ferro e fogo, tem que haver um alguém, externo, para chamar-lhe à razão. Para lembrar que se o poder corrompe, o poder apaixonado causa ruína. Ampla e para toda a sociedade.

Daí que a independência dos Poderes é nossa arma contra o tirano. Todo tirano nada mais é que o detentor temporário de poder que se embriaga de paixão pelo poder em si. Ignorando tudo e todos, até mesmo os reais detentores do Poder (o povo!), um tirano passa - todos passam - mas os danos colaterais permanecem.

Nossa democracia é feita de cicatrizes. Muitos danos colaterais nos assombram, após passagens e mais passagens de homens apaixonados pelo poder, que nunca amaram de verdade o Poder que representam temporariamente.

Dói verificar que a Independência dos Poderes está ruindo. Sem ela, o Big Brother que ninguém assiste vai tomar conta de todos nós, um dia. Precisamos de homens e estadistas que acreditem nos Poderes, que defendam o Poder e seu dono (o povo!) acima de tudo e de todos os tiranos apaixonados.

Precisamos de Poderes harmônicos e independentes. Sem que sejam desafiadores e libertinos, porque estes conceitos não se confundem. Ou precisamos de coveiros em grande número para enterrar a Democracia e, com ela, um futuro possível para nossos filhos e para os filhos deles.

Eu fiz minha opção. Não quero precisar dos coveiros da Democracia. Quanto aos meus, sei que é inevitável sua vinda e os aceito serenamente, se possível daqui a muitos anos.

Um comentário:

Anônimo disse...

Celio,nao te conheco,a a nao ser pelo blog e te acho muito sensato nas suas colocacoes,como o q acabas de escrever encaixa como luva no momento q monlevade esta passando com a a adminustracao desse tirano Prandini,esse sim vai precisar de muitos anos p sair do buraco que cava p se proprio,estara em breve acabado politica e proficionalmente porque esta se atolando cada vez mais na merda de desaministracao q faz. Parabens por você ter acordado a a tempo,fico feliz por isso... Luciano.