sexta-feira, 15 de abril de 2011

Celebrar a vida

Para cada momento que vivemos, fica uma lembrança. Algumas são marcantes e positivas, outras apenas marcantes. E a grande maioria das coisas vira poeira de memória: existe, mas é tão fina e tão leve que qualquer brisa carrega para longe de nós.

João Monlevade está fabricando memórias marcantes numa velocidade que assusta. Não fomos projetados para uma velocidade tão grande. Nosso amor se constrói ao longo de anos, nossas amizades se constroem ao longo de vidas inteiras, nosso perdão chega a não se construir em um século de existência terrena.

Aquela poeira de memória, fina e leve, é suficiente para prejudicar a transparência obrigatória. Ela é mínima porque, como os leitores se lembram, eu já afirmei que os homens mentem. É da natureza humana encobrir a realidade com o véu do idílio...

Mas a transparência obrigatória não pode receber uma camada de poeira. Isso se constituiria numa injustiça que beira a desumanidade, e não devemos nos desumanizar senão para evoluir em algo ainda mais impressionante. O que um pensador medíocre pode dizer, numa hora dessas? Arrisco umas linhas, porque além de medíocre sou meio kamikase:

Não esperemos dos homens mais do que podem oferecer. Não esperemos menos de Deus do que o máximo das coisas. Ele criou os homens e as coisas. Na dúvida, busquemos a Deus. Homens não bastam para eliminar as dúvidas, já que foram libertados pelo Arbítrio para criá-las a sua vontade.

E que Deus nos encaminhe o bálsamo, porque só somos capazes de criar as feridas e as dores. Porque somos todos, apenas homens. Precisamos aprender a celebrar a vida, sem procurar entendê-la além do nosso alcance.


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