quarta-feira, 6 de abril de 2011

Elogio à urgência

Em meio à toda engenharia que se preparava para acontecer na tarde de hoje, com consequências imprevisíveis por envolver aglomeração de gente, o Judiciário manifestou-se com urgência na questão do crucifixo.

Eu acompanhei com cuidado o início do processo, onde o debate e a discussão aconteceram com os níveis de dignidade que a gente espera ver em todo conflito. Mas o ser humano tende a exagerar, e muito. Toda manifestação pública traz um risco de descontrole emocional. Os promotores de eventos contam com isso, por exemplo, para alavancar o impacto de um show.

Os promotores de debates não contam com isso, porque pode descaracterizar o conteúdo de engrandecimento intelectual que se espera de um debate. Os promotores de aglomeração do povo deveriam temer por isso: é garantia de que tudo sairá do controle se as emoções aflorarem, principalmente se forem emoções negativas.

Os contornos de um incêndio nunca são previsíveis em sua totalidade. Uma pequena chama pode gerar uma tragédia sem precedentes. O Judiciário de João Monlevade, acredito que focado na questão da segurança pública e da proteção à vida, não deixou de se manifestar. Muito mais que abraçar uma ou outra causa, o Poder Judiciário optou por não deixar que o maior bem jurídico que conhecemos, a vida humana, pudesse correr qualquer risco hoje em João Monlevade.

Não se iludam: quando se juntam mais de mil pessoas por uma causa, haverá sempre um pequeno percentual de fanáticos e outro de agitadores compulsivos no meio da multidão. Isso vale para o mundo inteiro. isso quando não houver também agitadores profissionais, colocados ali de forma estratégica para "causar" em proveito de interesses que fariam corar de vergonha até o mais sanguinário dos homens.

Havia e ainda há a possibilidade do descontrole. Mas agora, ainda há tempo para que os "organizadores" de qualquer evento planejado possam direcionar os ânimos para outro foco, que não seja o de confronto de guerrilha.

É a partir desta constatação que aceito, entendo e elogio a urgência adotada pelo Poder Judiciário. Como eu afirmei antes, imaginem se a cidade acordasse amanhã com uma tragédia para assimilar, uma matéria nacional para a mídia explorar e com culpados demais para buscar. 

Repito que teríamos feito o maior papelão de nossa história. E carregaríamos essa vergonha por muitos anos. Neste caso específico, vamos agradecer muito pela urgência.

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