sexta-feira, 3 de junho de 2011

Ainda no Legislativo

Aquele abraço aos Vereadores da cidade. Com um puxão de orelhas, desta vez. Todos os edis deveriam saber - e acho que sabem - o quanto o papel de servos do Executivo não lhes cabe. Não funciona no regime democrático. E alguns exemplos preocupam em João Monlevade:

- O DAE está com dinheiro em caixa e não investe no que é sua primeira diretriz, abastecimento de água. Os senhores sabem o motivo, não é? Mais para o final do ano, a Prefeitura irá solicitar empréstimo em regime de urgência, possivelmente até para fechar a folha de pagamento. Cairá uma bomba na mão dos senhores. Se aprovarem, premiarão a incompetência. Se não aprovarem, receberão a pecha de algozes do funcionalismo. Vale a pena?

- O DAE está comprando asfalto para "tapar buracos", porque os abre. Vale a pena? Tapar buracos é função do Departamento de Obras. Dizer que é difícil montar uma planilha on-line de Excel indicando as datas e horários dos serviços do DAE, para que o DVO monte sua própria planilha de atendimento, é de fazer chorar de raiva e de incredulidade. Logo, o DAE está se preparando para ser máquina eleitoral à base de asfalto. Se os senhores sabem disso e concordam, são coniventes com a bandalheira. Se não sabem, estão fazendo papel de vassalos bobos, mais uma vez.

- O DAE recebeu o aporte financeiro graças ao trabalho de vocês. E foi um trabalho correto, ainda que ao custo político alto para a época. Agora, na hora de agradecer, qual parcela de reconhecimento a Câmara terá? Ficar com aqueles abacaxis ali de cima? Melhor será realizar a segunda etapa do trabalho, elaborando uma escala de investimentos que a autarquia tenha de executar para cumprir com seu propósito mínimo.

- Além do DAE, o Executivo vai trabalhar como louco (pelo menos para isso) de forma a manter dez cadeiras no Legislativo. Tudo para garantir que devoluções financeiras sejam mantidas em alto nível pela Câmara Municipal. Vale a pena? Uma Instituição só sobrevive bem quando se preocupa com sua própria finalidade e existência, antes de se preocupar com a finalidade e existência de quem a sufoca.

Vale o alerta. O Legislativo é um poder independente até dos puxões de orelhas que um cidadão comum faz. Mas não pode alegar depois que não foi preparado para sua asfixia. E é isso, em resumo, que o atual Executivo está fazendo, como outros já fizeram antes. Isso não mudou como tinha que mudar...

Um comentário:

Breno Eustáquio disse...

Sábia, sigular e essencial análise.

As nuvens se acinzentam e a tempestade se aproxima. Preparemo-nos para ela...