Leio no Blog O Popular que o Secretário de Serviços Urbanos, Luiz Pena, declarou um aumento de 5 toneladas na produção de lixo em João Monlevade. O fato estaria sendo creditado ao número de pessoas que chegaram à cidade para as obras de expansão da Arcelor Mittal.
Respeito demais o Luiz Pena e tenho admiração por sua trajetória, mas se for de sua autoria a explicação, trata-se no mínimo de "chute". Um incremento de 17,24% aproximados, na produção de lixo de um município, deveria ser acompanhado de um incremento de mesmas proporções na população deste município.
E não há como Monlevade receber um aumento de população da ordem de 17,24% (12930 pessoas) sem entrar em total colapso de funcionamento. Tudo bem, estamos observando um colapso de funcionamento, mas ele não ocorreu porque a Arcelor trouxe quase 13000 habitantes adicionais para nossas terras. Porque ela ainda não trouxe nem perto da metade dessa população adicional.
Estou aguardando para entender o real motivo desse anúncio, da forma como foi realizado. Lidar com números é complicado, porque qualquer declaração precipitada é facilmente contestável pela matemática pura e simples.
Sem explicar muito bem quais variáveis do sistema de coleta de lixo foram alteradas tão drasticamente, este incremento de coleta de 5 toneladas diárias me parece, com todo o respeito, só um balão de ensaio para reajustar equivocadamente os valores pagos pela execução do serviço.
Que, conforme já demonstrei aqui mesmo no Blog (no tempo em que perdia meu tempo apresentando sugestões viáveis), é muito mais caro para a cidade que manter o serviço público de coleta.
3 comentários:
Aumento de 5 ton de lixo? Onde? Basta dar uma volta pelas ruas da cidade que verão a quantidade de lixo.
Entao de onde esta vindo este lixo?
Não vi nenhum indicativo de melhoria da qualidade de vida do monlevadense nestes últimos anos, indicador este de aumento no consumo. Pelo contrario. Um exemplo é olhar os professores da rede municipal.
Existe uma certa miopia ou será hipermetropia por parte do secretario.
Vamos deixar por menos.
A contribuição foi valiosa. Corrobora a minha afirmação de que se houve mudanças em uma das variáveis do sistema, estas mudanças passaram a quilômetros de ser acompanhadas por uma explicação viável.
Obrigado pela participação!
Prezado Célio, como você comentou o assunto, encaminho a seguir cópia do e-mail que enviamos ao jornal Gazeta Regional e ao O Popular, com o posicionamento da ArcelorMittal sobre o referido assunto: Prezados,
A respeito da matéria “Aumenta o Lixo em Monlevade”, publicada na última sexta-feira, gostaria de fazer um reparo a uma das afirmações feitas pelo Secretário de Serviços Urbanos, Sr. Luiz Pena, segundo a qual o aumento da geração de lixo na cidade poderia, de acordo com a reportagem, ser creditada “à chegada de mais homens para a execução das obras de duplicação da ArcelorMittal”.
É óbvio que não questionamos a informação do aumento na geração de lixo, mas refutamos a vinda de trabalhadores para atuar em nossas obras de ampliação como o fator causador do fenômeno. Para comprovar isso, basta lançar mão de Matemática simples.
Ora, se a geração anterior informada pelo Secretário era de 29 toneladas por dia, basta dividir esse volume por uma população estimada de 73 mil habitantes para concluirmos que a geração média era de 397 gramas por habitante. Para facilitar os cálculos, vamos arredondar esse número para 400 gramas (uma vez que o padrão aceito internacionalmente, para cidades pequenas, é de até 500 gramas).
Se dividirmos as informadas atuais 35 toneladas diárias por 400 gramas, teremos que a população de João Monlevade teria que ser hoje de 87.500 pessoas. Subtraindo desse número a população estimada de 73 mil pessoas, teríamos então que o aumento da população teria que ter sido de 14.500 pessoas. Esse aumento justificaria o acréscimo no volume diário de geração de lixo.
Pois bem. Mas ocorre que o número de empregados adicionais envolvidos nas obras de duplicação da usina está muito abaixo disso. Na verdade, entramos o mês de julho com exatos 2.047 (dois mil e quarenta e sete) empregados trabalhando nessas obras.
Há ainda um outro detalhe, extremamente importante: a grande maioria desses trabalhadores é de João Monlevade e das cidades vizinhas. Apenas cerca de 30% (trinta por cento) desses trabalhadores podem ser considerados “de fora”, ou seja, cerca de 615 pessoas. Tanto é que não há ainda nenhum grande alojamento instalado na cidade, mas apenas casas utilizadas pelas empresas como repúblicas, justamente porque o número de pessoas que vêm de fora é ainda muito pequeno.
Mas apenas como exercício, vamos considerar que sejam 700 os trabalhadores que vieram de fora e se mudaram para João Monlevade. Considerando as mesmas 400 gramas de geração diária de lixo, isso significaria um aumento na geração de lixo de 280 quilos.
Portanto, não podemos concordar em que se atribua às obras de duplicação da ArcelorMittal o aumento na geração diária de lixo na cidade.
Atenciosamente,
João Carlos de Oliveira Guimarães
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