sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Gisele em cima de pôneis

A mais recente onda de fúria infanto-juvenil da mídia brasileira se volta contra Gisele Bündchen e calcinhas e sutiãs. Lembra muito o "frisson" causado pelos pôneis malditos, lembram-se?

Pois é. O emburrecimento coletivo traz coisas sombrias. Se a modelo não tivesse todo o seu padrão de vida obtido a partir de seu corpo, eu entenderia a barulhada. Se calcinha e sutiã transformassem qualquer mulher em objeto sexual apenas, todas seriam, justamente como todos os homens que usam cueca alguma vez na vida.

O preconceito não existe na mídia, apenas. Ele precisa de um forte combustível intracraniano para nascer. Alguém que acredita em calcinhas e sutiãs como amarras para a plenitude de uma mulher, vai externar essa opinião sempre que vir uma vestida deste jeito.

Lembra os pôneis. Falem bem, falem mal, mas falem de mim. Os profissionais do marketingue precisam trabalhar. E quando o trabalho deles é lembrado, a missão foi bem cumprida. Pelo menos assim é que deveria ser.

Levar a sério demais a mensagem, sem refletir sobre a finalidade a que ela se destina, é coisa de uma geração que já não pensa mais, não reflete mais, não quer perder um pouco de seu tempo amadurecendo conceitos. Quer tudo pronto, tudo muito bem mastigado, muito deglutível, muito fácil.

Uma laranja fornece suco e bagaço. A escolha do alimento fica por conta de quem a tem nas mãos.

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