terça-feira, 6 de setembro de 2011

O "efeito PT" em João Monlevade

O prefeito Gustavo Prandini, operador do Direito em sua formação pessoal, está processando o vereador José Arcênio Magalhães por opinião emitida em plenário da Câmara Municipal. Só pode ser fruto do "efeito PT", porque Prandini reconhece os valores democráticos e entendeu muito bem o contexto de discurso do edil.

Estamos retrocedendo a uma velocidade assustadora. Pouco me importa se o vereador realmente crê no que afirma em Plenário. Ali, mais do que em qualquer outro lugar, tem imperado um teatro de engodos que visa, exclusivamente, alimentar uma ilusão sensorial em todos nós. Querem que a sociedade tenha o sentimento de haver um Poder independente e operante onde, absolutamente, há apenas um cartório em suas ações finais, por opção de sua maioria.

O que posso afirmar é que, sim, os dois sabem muito bem o jogo que estão jogando. Quem perde mais ao jogá-lo, obviamente, é o prefeito. Integrantes do Legislativo são imunes ao crime de opinião, se essa for emitida em razão exclusiva de sua ação parlamentar.

Eis uma amostra concreta da independência entre os Poderes. Pena que nossos vereadores só acreditem nela quando, eventualmente, precisam ser protegidos. Quando vier o projeto de Lei sobre venda de áreas públicas, dilapidando um patrimônio que pertence a todos nós e com finalidades que nunca foram bem explicadas, veremos se esta independência continua sendo lembrada por todos os edis. Estamos de olho.

Chamo de "efeito PT" a iniciativa de Gustavo Prandini porque seu viés de pensamento é democrático, mesmo que suas ações há muito tenham abandonado esta seara. Como o Governo Municipal é petista até a medula atualmente, tenho que admitir que é daí que surgiu mais um factóide: a ação judicial que nasce morta no ambiente jurídico, mas permanece muito viva no ambiente de informação e de mídia.

Todos os "companheiros" (anônimos crápulas, claro, porque os dignos não fizeram isso) que entulharam a minha caixa de e-mail com vitupérios irão fazê-lo novamente: devo lembrar que as redações dos jornais tocaram no assunto de agora não por ingerência externa, mas por interesse exclusivo delas. É assim que funciona, lembram?

E quase todos os dias a Câmara Municipal observa para onde irá seu futuro, enquanto ficar de quatro com a cabeça para baixo. Enquanto estiver com os olhos voltados para a terra, outra parte importante de seu corpo estará mesmo apontando para o Céu.

Um escândalo por semana. Faltam longas 69 semanas para o suplício acabar. Ainda bem que o Monlevadense é, antes de tudo, um forte.

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