terça-feira, 6 de setembro de 2011

PT Partido e PT Governo

Há trinta anos conheço a história do Partido dos Trabalhadores. Não sei dizer quando essa história foi engolida pelo fisiologismo, mas aconteceu. O PT sempre teve imensas dificuldades em entender uma coisa simples: o Partido pode - e deve - regular sua vida interna como quiser. O Governo não tem esse direito. E quando o Governo por mérito da Democracia é exercido pelo PT, a vida interna do Partido deve ser relegada a um segundo plano.

Governar é entender diferenças. As mesmas diferenças que, um dia, levaram o Partido dos Trabalhadores e se rebelar contra o estado as coisas a seu redor. Nesta fase de sua vida, o PT precisou da imprensa que agora ele quer sufocar. O PT fez a oposição ferrenha que agora ele quer desqualificar. O PT denunciou manobras que, hoje, ele domina com perfeição e truculência, às vezes.

Ninguém que lê o Drops é tolo, e eu não desmereço a inteligência de nenhum dos meus leitores. É óbvio que há pessoas bem intencionadas dentro do PT no Brasil inteiro. Há pessoas bem intencionadas em quase todas as aglomerações humanas.

O que eu questiono, sempre, é a danada da coerência. Vivemos em um mundo onde a coerência está relegada a um terceiro ou quarto plano, sei lá. E sem ela, talvez nem valha a pena viver. Fora dela, o PT se mistura a um caldo de cultura onde os micróbios não podem ser distinguidos um dos outros, nem com o mais potente dos microscópios.

E irrita profundamente o intelecto observar que o Partido dos Trabalhadores, de forma sistemática, ainda tenta convencer a todo mundo que é o mesmo dos anos 70/80. Não é mesmo. Os escombros fazem lembrar uma casa que existia ali, mas não deixam nenhuma possibilidade de conhecer o que, um dia, foi um lar.

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