Quando ouço o termo "denúncia" na emissora Cultura AM (rádio de grande audiência na região) tenho duas reações diferenciadas:
- Entendo perfeitamente o significado de comunicação, informação (embora muito mais utilizado neste sentido em Portugal do que no Brasil).
- Sinto que é pesado e que deveria ser reservado às acusações.
São duas instâncias muito diferentes, mesmo sendo ambas aceitas pelos grandes operadores da Língua Portuguesa. Em minha opinião, o uso do tremo "denúncia" está intimamente ligado à acusação, aqui no Brasil, junto à população mediana. Deveria ser restrito às efetivas acusações.
Ou deveria ser muito bem trabalhado de forma a evitar a tentativa de desqualificação da denúncia em si mesma, como mecanismo de alerta ou de comunicado. Um exemplo fictício:
Se um equipamento público está quebrado e em completo abandono, são duas as denúncias possíveis: para a Prefeitura a respeito do vandalismo cometido pela população (informativa) ou contra a Prefeitura pelo descaso com os reparos (acusadora). Vejam como é confusa esta construção frasal.
É óbvio que eu tenho uma conduta de afastamento da redação da rádio, porque não faz parte de minha competência avaliar sua atuação, nem seus critérios técnicos. O que me intriga é entender o porquê dessa conduta, já que ela permite um contraponto injusto por parte do mau governo que nos assola.
Exemplo prático: o vandalismo de bens públicos é uma horrenda manifestação humana, que existe aqui em Monlevade também. Neste caso, informar e cobrar da Prefeitura as ações concretas são os termos mais adequados, na minha modesta opinião.
Já quanto ao recapamento asfáltico que vai embolado no balaio do asfaltamento é denúncia mesmo; a Prefeitura precisa ser mais honesta de princípios para separar bem as duas coisas. Aplicar uma camada nova sobre uma camada desgastada de asfalto é recapear, e pronto.
Essa batalha de posicionamentos é necessária e democrática. O que precisamos ter em mente é a necessidade de qualificar as denúncias. Tanto as informativas quanto as acusatórias.
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