quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Na rua de Dona Perdulária!

Dona Perdulária de Jesus é uma brasileira comum, do povo. Vive como pode e agradece a Deus o poder viver, mas não se preocupa com nada além disso. Ela é o ápice da representatividade do que é nosso povo.

Dona Perdulária não entende de sensatez financeira nem de prudência gerencial. Ela sente, com algum grau de razão, que estas coisas não são essenciais para que se mantenha viva. E não aceita acreditar que, em sua "idade já avançada para aprender truques novos", estes dois comportamentos iriam trazer mais qualidade à sua vida.

Para Dona Perdulária, "as notas foram feitas para queimar e as moedas para rolar". Desse jeito, ela ficou extremamente feliz quando o asfalto chegou à sua porta. "Ficou mais chique a frente da minha casa...", disse. E quando perguntada sobre a falta que este dinheiro faria em outros pontos da cidade, deu de ombros: - " Isso não é problema meu."

E para ela, não houve problema algum em ver o mesmo asfalto novinho cortado e remendado com as mesmas pedras que havia antes por debaixo dele. Este gasto inútil e infantil não fez qualquer diferença em sua vidinha comum, porque sua vidinha comum não iria perder tempo com cálculo de desperdícios de dinheiro. Ainda mais quando o dinheiro não era o da bolsinha de couro dela!

A má notícia, a verdade que ainda será dita à Dona Perdulária um dia, é que era o dinheiro dela sim que estava sendo jogado fora. O dela, o meu, o seu, o de todos nós. E, se para Dona Perdulária de Jesus o ato de jogar dinheiro público fora não é mais importante que analisar cocô de mosquito, para muita gente este ato é quase um crime contra a cidade inteira.

Mas deixemos Dona Perdulária de lado, com seu asfalto novinho na porta e com seu remendo de pedras ainda mais novinho também. Pensemos em Dona Esperança, que mora numa rua onde a terra virou lama neste janeiro molhado e cuja casa pode desabar junto com uma erosão ou uma voçoroca. Dona Esperança aguarda o dia em que terá uma rua de pedras na frente de seu portão...

Quando um governo municipal que, ao contrário de Dona Perdulária, acreditar em sensatez financeira e em responsabilidade gerencial, assumir a tarefa de consertar todas as merdas que estão flutuando pela cidade neste período de chuvas, Dona Esperança terá motivos para sorrir de novo. Fora da lama e fora do desperdício de um dinheiro que ela também tem que pagar.

Ilustram a matéria algumas fotografias da frente da casa de Dona Perdulária:



Um comentário:

Vilney Assis disse...

Será este um novo estilo de decoração de ruas? rsrsrsrsrrsrsr