quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Vou morrer

Este fato me deixa triste, é lógico. Mas não saber a data me deixa mais alegre, também. E até o dia e a hora designadas por Deus me pegarem de jeito, vou continuar a ser indignado com muitas coisas.

Vou continuar a acreditar que a vida dos outros é tão importante quanto a minha vida. Vou continuar tendo carinhos com os mais velhos e paciência com os mais jovens.

Vou continuar tendo ideias, até o ponto em que elas já não me tiverem em seus projetos. Elas podem vir a me descartar, mas eu não me permito o luxo tolo de descartá-las.

Vou continuar duvidando das pessoas de photoshop e abraçando as de carne e osso, aprendendo o padrão da beleza que acontece. A beleza montada a golpes de mouse me parece pouca demais para eu prestar atenção.

Vou continuar acreditando que somos uma raça destinada a grandes coisas, mesmo quando se diminui muito não aceitando os efeitos das causas.

Vou tentar cativar pelo que sou, e apenas uma pessoa por dia. Cativar multidões sacrifica a qualidade dos cativados eventualmente.

É, vou morrer. Até este dia chegar, escolhi viver a vida que posso e não a vida que me querem convencer que é correta.

2 comentários:

Claira Ferreira disse...

Linda crônica, me emocionou. Parabéns!

CÉLIO LIMA disse...

Obrigado, Claira. Este retorno dos leitores é muito bacana, mesmo que não possa ser o único objetivo de quem escreve. Um grande abraço e volte sempre, você é muito bem vinda!