quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Não menospreze seu sherpa

Edmund Hillary alcançou o topo do monte Everest, logo o topo do mundo, em 1953. O Ocidente lembra-se bem de Hillary, mas na Ásia e adjacências ele é apenas o primeiro que a montanha não matou antes de chegar ao topo. Os asiáticos lembram-se muito mais de Tenzing Norgal, o experiente e vivido guia sherpa que levou Hillary para o cume do planeta Terra.

Ninguém jamais conseguiu chegar perto do topo do Everest sem um sherpa a seu lado. Estes guias se confundem com a própria alma do Everest, tanto que são considerados mais guias que qualquer outra coisa. E os sherpas são um povo de cultura rica e tradicional na região do monte. Eles não foram diminuídos à condição de guias. Foram alçados à condição de supremos guias da montanha. Sem eles na expedição, a morte é questão de saber quando vem, e não se virá naquela escalada.

E quantos de nós, em nossa vida, menosprezamos o sherpa que nos guiará ao topo dos nossos montes Everest? Sem ele, a nossa montanha seria domada? Haveria alguma vitória real no quase chegar? E no morrer tentando?

Não menospreze seu sherpa. Pode ser que sua montanha não seja lá um Everest, e portanto seja perfeitamente possível escalá-la sozinho. Mas quando seu verdadeiro Everest chegar, o único ponto onde você chegará sozinho, com certeza, é na base da montanha. Provavelmente dentro de um caixão, se tiver sido possível localizar seu cadáver na encosta dela.

E para cada Hillary que existe, existem centenas de Tenzing tornando as façanhas heróicas algo possível.

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