quinta-feira, 23 de abril de 2009

Não é proibido elogiar

Estamos geneticamente preparados para a crítica, assim como estamos para não aceitá-la em tempo algum. Imagino que nosso cromossomo 13, ou o 17, ou o 22, sei lá, não sobreviva muito bem se recebemos críticas. Mas o cromossomo 6, ou o 10, ou o 18, sei lá, talvez só encontre equilíbrio quando pode nos levar à crítica atroz, sem fundamento e sem história.

Não é proibido elogiar. Não é lícito supor que tudo que façamos, com boa intenção de caráter, seja só obrigação ou dever. Porque há deveres que descumprimos com a cara mais deslavada deste mundo, e nem por isso aceitamos a crítica justa que vem daí.

Logo, nada é mais justo que o elogio pontual, aquele que nos incentiva a mais e ao melhor do que podemos.

Este post é pautado pela postagem parcial que vi hoje no RAPADURA, que faz parte de minha lista de blogs e que, portanto, acompanho. Sou totalmente solidário ao Sr. Márcio Passos quando ele afirma que a crítica é fruto do elogio, um fundamenta o direito à outra. Sem a fonte, a água não há de acontecer, portanto não vai saciar a sede e fundamentar a vida que dela precisa.

Um elogio é como um farol à beira da costa. Perante o mar, significa nada ou coisa alguma. Perante o capitão do navio, entretanto, pode salvar muitas vidas, com uma luz pequena e frágil. Mas assim sãos os faróis, e não creio que os capitães mundo afora pleiteiem por sua extinção. Muito ao contrário.

Não sou narcisista. Por isso não vou sugerir que pesquisem tudo que escrevo para verificar que, se critico algo ou alguém, é porque já elogiei previamente. Porque somos duplos, feitos de uma matéria que prevê a luz e a sombra, o bem e o mal, a capacidade de criar e a capacidade de destruir.

Quando optamos somente pelo lado escuro, a cada tijolo de vida alheia que removemos do lugar estamos, inexoravelmente, destruindo parte das paredes de nossa própria vida.

E não acho que sejamos dignos de nos autoproclamar humanos, agindo desta maneira. A humanidade tem que ser mais que isso.

A agenda oculta? Dê uma olhada à sua volta e procure pelos locais de construção. Nossa vida acontece ali, por mais que os demolidores puros tenham a dizer em contrário.

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