quarta-feira, 13 de maio de 2009

A arte de jogar uma vida no lixo

Em meados do ano passado, uma colega de trabalho teve sua vida profissional jogada no lixo por uma conjunção de dois fatores básicos:

1 - Um magistrado que atuava na cidade, que entende de Polícia Técnica tanto quanto eu entendo de Direito Comparado (ou seja, nada além do nome), resolveu que ela deixou a desejar no desempenho de suas funções.

2 - Este mesmo magistrado lançou as bases de sua especulação genial junto aos órgãos de imprensa da cidade.

3 - Repórteres se contentaram com o velho chavão de tentar confirmar junto à fonte o outro lado da história. Como a fonte estava arrasada pela humilhação, dor e revolta, não retornou os contatos.

4 - A imprensa publicou o que tinha.

5 - João Monlevade perdeu a não menos que excelente profissional de Polícia Técnica (que ainda encontra-se sob tratamento psicológico pelo abalo) e o magistrado falastrão (que alçou voo para fazer merda em outras Comarcas). Pelo menos em um dos casos tenho o que lamentar.

Incrível como se pode, através da simples opção pelo não-aprofundamento, jogar uma vida no lixo. Investigar não é só fazer trabalho de polícia. Investigar é, acima de tudo, buscar as raízes de algo que se procura explicar e divulgar, quando cabível e da forma mais isenta que exista.

Só uma pergunta ficou, de todo o episódio: Como um profissional de reportagem esperava obter retorno imediato, de forças tão díspares quanto as que mencionei? Quem, em sã consciência, questiona o enorme (e muitas vezes imerecido) poder que alguns cargos geram em uma cidade do interior?

Já me afirmei como um tolo, estou ficando repetitivo nisso. Mas eu não optaria por jogar uma vida no lixo. Eu optaria por me afastar da lixeira. Ou explicar porque algumas pessoas não conseguem fazer isso de forma serena.

Agenda oculta? Há vidas e há lixeiras. Viva sempre tentando não jogar umas dentro das outras. A menos que se trate de sua vida e de sua lixeira, porque aí já não é da minha conta.

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