terça-feira, 11 de agosto de 2009

Veja como é fácil

Ser político. O Brasil precisa modernizar seu parque de caças supersônicos. Vai investir algo próximo dos dez bilhões de dólares no negócio, que atrai vendedores do mundo inteiro não pelos 36 aviões que comprará agora, mas pelo fato de passar a constar do time de compradores regulares de aviões e sistemas de alta tecnologia.

Três competidores principais estão se habilitando: a francesa Dassault, a americana Boeing e a sueca Saab. Os aviões, pela ordem são o Rafale, o F18/A Super Hornet e o Grippen, todos caças táticos de ataque/defesa que são muito eficientes na guarda de espaço aéreo interno. Não se aplicam à incursões sobre território adversário, mas isto tem tudo a ver com a tradição não-bélica do Estado brasileiro.

Se você pesquisar a Internet agora e vier me questionar agora sobre caças serem aviões exclusivamente de defesa, vou rir muito na sua cara. Portanto, não faça isso. Estude com muita profundidade e poderemos discutir, privadamente, depois.

Os três equipamentos atendem bem ao Brasil, mas cada um tem vantagens e desvantagens como qualquer produto que você compra em uma lojinha de celulares, por exemplo. A diferença está no fato que o mercado de defesa aérea pode movimentar algo como 90 bilhões de dólares nos próximos dez anos. Tente calcular o quanto de celulares teriam que ser vendidos no Brasil para chegar perto disso.

Uma outra grande diferença está na transferência de tecnologia: assim como a Nokia não autoriza o Brasil a desenvolver um celular, nacional, baseado na tecnologia que ela utiliza e que criou, fabricantes de aviões também não costumam doar seu conhecimento e pesquisa assim de mão beijada.

O momento do Brasil é tão bom que esta compra de caças envolve também a transferência de tecnologia e, aparentemente, mesmo a Boeing estaria disposta a adotar o sistema de vendas proposto. Neste contexto, o avião americano larga na frente com folgas, apesar de estar muito próximo de ser aposentado nos EUA. Lógico, afinal eles possuem o F-22 Raptor, o segundo melhor caça tático de todo o planeta (para conhecer o primeiro, pesquise na Internet e blá...blá...blá...)

Com a transferência de tecnologia do F-18, o Brasil estaria apto a iniciar pesquisas de larga escala em sistemas de segurança que são, incontestavelmente, os melhores do mundo na área da aviação, das comunicações, de orientação por satélites, e alguns outros que não são importantes aqui no post. O Brasil passaria a vender tecnologia de ponta, com autorização americana, e isso geraria muitos outros bilhões de dólares de dinheiro novo em nossa economia. Os F-18 são como touro premiado: o bicho se paga sozinho, mesmo custando caro no começo. Mas é uma opinião pessoal, essa briga é grande demais para eu sozinho opinar.

Então, chegamos ao objetivo do post: quem vai decidir é um político. Não é um brigadeiro da Aeronáutica, nem um economista de renome, muito menos um administrador gabaritado. O fato de ser um político já conta em descrédito para o mesmo, por razões que conhecemos bem. Mas se for um bom político - e eles existem - o Brasil sairá ganhando em todas as frentes deste negócio bilionário.

Transportando para nossa realidade de interior de Minas, veja como é fácil ser político, se você puder contar com um brigadeiro, um eonomista e um administrador em seu quadro de assessores. E como é complicado sê-lo, se seus assessores trabalham contra sua disposição e sua vontade de realizar bons negócios para a população de sua cidade, de sua região, de seu estado.

Um político é, em essência, traduzido pela competência de sua assessoria. Daí que alguns péssimos adminitradores viram bons políticos, e ótimos políticos viram péssimos gestores dos patrimônios públicos.

Da próxima vez que você se questionar sobre o que um político está fazendo, pense em quem o assessora e como o assessora. MUITAS respostas virão daí, cristalinas como água. E passe a avaliar também a capacidade deste político em raciocinar com lógica e desenvoltura.

Numa próxima eleição, aja como se fosse comprar caças supersônicos de alta tecnologia. Sua decisão pode marcar o seu futuro para sempre. E você ainda verá como é difícil ser um bom político, no mundo inteiro. Mas há gente que se propõe a ser assim. Sempre há trigo no meio do joio.

Agenda oculta? Visite a Câmara Municipal de João Monlevade e observe o nível das discussões que são conduzidas por lá. Você não aprenderá nada sobre transferência de tecnologia em aviação militar de defesa, o que não é demérito nenhum para nossos parlamentares.

O demérito reside no fato de que você aprenderá quase nada sobre quase coisa alguma, porque a grande maioria de nossos parlamentares é de uma ruindade que beira o crime. É, pensando bem...

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