terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Império da insensatez


Somos porcos. Uma única volta pela cidade nos dá a exata dimensão de nossa porquice. Inclusive de espírito, quando esperamos tudo do "guverno".

Quintais e lotes tomados pelo mato? Montanhas e mais montanhas de lixo pelas ruas? Bueiros entupidos pelo efeito de nossa porquidão? Direitos que são exigidos de pulmão aberto, enquanto estacionamos em local proibido, invadimos a faixa de pedestre, somos contra a "Campanha do Caixa Rápido" (torço pelo sucesso, Melo...) Furamos filas, sonegamos imposto (tem gente por aí já reclamando do provável reescalonamento do IPTU, rá, rá...)

Todo mundo conhece o ditado: Comer salame, e arrotar presunto. É o que nos define. Sempre.

Não fique chateado se, aparentemente, você pensa não se enquadrar nesta opinião. Eu me enquadro. Se não pelo que faço, pelo que me omito em fazer.

Os lotes cheios de mato, por exemplo. Dentro de áreas residenciais, são um foco inevitável de doenças, riscos à saúde e insegurança. Mas ninguém aceitaria o fato da Prefeitura multar os porcalhões que são donos, até para pagar pela limpeza dos tais. Assim como a gritaria é geral para as multas de trânsito, como se outro que não nós, fosse o porcaço que comete as infrações e avacalha a cidade com isso.

Gritamos contra o PA. E levamos, alegremente, os meninos para lá toda vez que vem uma febre. É um ótimo lugar para lazer da famíla, sem dúvida.

Apoiamos o Bolsa-Qualquer Coisa. E com isso, ninguém mais quer serviço. Todos devem estar esperando o Bolsa-Emprego. Peraí, emprego até eu quero!

Nelson Rodrigues fechou esta questão. "A humanidade não deu certo". Ainda bem que somos porcos, não mais seres humanos. Senão, não teríamos dado certo...

Pareço rancoroso ou amargo? Impressão sua... tenho a mais absoluta certeza de que, enquanto humanos, vamos aprender a respeitar pessoas. Vamos ser trabalhadores do nosso próprio futuro. Vamos aprender que um recurso limitado deve ser utilizado com responsabilidade. Não vamos mais jogar nada pela janela do carro. Vamos respeitar as filas, já que elas são o meio mais ruim (porém o mais honesto) de mostrar que o tempo de todo mundo tem a mesma importância. Vamos cumprir horários.

Não vamos matar por duas pedrinhas de crack. Não vamos arredar cercas, adquirindo mais terreno com golpes de esperteza. Todos poderão comprar nossos carros usados, sem risco de ver o motor fundido em três meses.

Acreditemos. O homem, a espécie destinada a condenar o planeta, está mudando para melhor. Viu? Estou sendo otimista.

Agenda Oculta? Comprei um quilo de salame. Vamos comer, e depois arrotaremos bastante sobre quem ousar duvidar de nossa capacidade de fazer o bem. Presunto, claro. Ah, e de preferência com os olhos bem fechados e com os braços bem cruzados. Para não perder o costume, sabe?

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