quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Mauri e as verbas tóxicas

Fernando Garcia - Blog Monlewood, com link ali do lado - está apontando as incongruências parlamentares de Mauri Torres, em relação à cidade que foi o berço de sua carreira política.

Mauri não moveu, ao longo destes anos, uma única palha visível na direção da melhoria da Segurança Pública em João Monlevade. À parte alguma intervenção fubá, no sentido de colocar aqui uns soldados e agentes de polícia (em número insuficiente para suprir a demanda mínima), que fatalmente será provada se a coisa apertar, nenhuma intervenção estrutural de grande monta.

E isso porque Mauri é "chegado" a Aécio Neves, governador do Estado desde 2004. Imagine se não fosse... E isso tudo, sendo o Estado de Minas Gerais o único responsável legal pela manutenção do sistema de Segurança Pública. Imagine se não fosse. A Prefeitura estaria agora sob o maior bombardeio de sua história.

O motivo são as verbas tóxicas. Verbas tóxicas são aquelas que devem ser empregadas para o benefício da sociedade, mesmo que tragam pouco ou nenhum benefício para o parlamentar "intermediador" da aplicação das ditas cujas.

Primeiro exemplo: Corpo de Bombeiros, como vem alertando o Monlewood. Sua efetiva instalação é cara e sua manutenção também o é. A Taxa de Incêndio, criada - adivinhem por quem? - Aécio Neves, causa arrepios de tensão nos empresários da localidade onde exista uma Unidade do Corpo de Bombeiros.

Ora, irritar os empresários (comerciantes, prestadores de serviço, industriários) eleitoralmente falando, é um tiro no pé para qualquer político cuja preocupação maior seja sua própria carreira, quando não é a única preocupação. Assim, como a taxa não pode ser isentada para os amigos, melhor não arriscar.

Quanto aos incêndios, e daí? A pobraiada que se vire, oras!!! Se faltar água para apagar o fogo melhor ainda, é só mandar algum empregado malhar o DAE.


O segundo exemplo de verba tóxica: investir em capacitação e melhoria das condições de trabalho das Polícias. Polícia atuando de forma eficiente costuma não tomar conhecimento dos amigos. Daí, para se perder votos é um pulo.

Quanto à criminalidade, e daí? A pobraiada que se vire para comprar alarmes e pagar vigilância. Se estas aquisições puderem chegar à empresa de algum amigo, tá valendo. Assim se pensa no Brasil.

Político de verdade, num sistema político de verdade, luta para mudar a vida de uma população. E para melhor, porque para pior não é necessária luta alguma. Basta cruzar os braços. Mauri gosta de cruzar os braços quando o assunto é verba tóxica.

Quanto às outras verbas, de repercussão eleitoral digamos, mais direta, nosso representante na Assembléia faz o dever de casa com gosto. Falta empenho nas questões de saneamento básico, mas político brasileiro, por incrível que possa parecer, tem aversão a esgoto sanitário.

Mauri deveria comparecer à Delegacia de Polícia. Calma, gente! Estou falando de uma visita para conhecer a pocilga que é aquele lugar, onde a saúde psiquíca dos profissionais se esvai todos os dias, ao longo dos anos, corroendo até mesmo sua saúde física durante este processo. Isto sem falar da população que, esta sim, acaba visitando a Delegacia para obter serviços importantes. E tem que lidar com aquele ambiente degradante para todos.

E Mauri deve ter um seguro contra incêndios muito abrangente. Se, por uma fatalidade, ocorrer um incêndio em qualquer propriedade sua em João Monlevade (porque infelizmente nenhum de nós está totalmente livre do infortúnio), até que os Bombeiros de Itabira cheguem um estrago muito grande pode acontecer.

Detalhes...detalhes...detalhes. A hegemonia de um grupo só causa atraso, como não me canso de repetir. E mostro com argumentos lógicos. Ainda que a nova rádio e o locutor velho, o jornal velho e a turminha nova que está chegando, queiram provar o contrário. Eita grupinho ruim. Mas a propaganda é tão massiva, que conseguiram convencer Monlevade que não pode haver nada melhor.

O rei que nos governa enlouqueceu faz tempo. Os súditos precisam, agora, é destiná-lo com dignidade e firmeza para um sanatório, onde poderá se tratar e começar, finalmente, a trazer progresso real às nossas terras.

Mas o mais adequado, mesmo, é permitir que outros trabalhem com dignidade e respeito. Até os dinossauros souberam a hora de se retirar do cenário, quando ficaram obsoletos neste mundo.

Político bom não tem medo de verbas tóxicas, nem ama demais as verbas oportunistas. A virtude está no espaço intermediário entre elas. O progresso real de qualquer região do Brasil, também.

Agenda Oculta? Orçamento público deveria ser impositivo, como é no mundo civilizado. Já que nosso sistema orçamentário é carcomido pela incongruência, pelo menos nossos políticos deveriam ter o mínimo de decência para não se pendurar exclusivamente em verbas eleitoreiras. A propósito, elas saem do seu, do meu, do nosso suado lombo trabalhador. Parlamentar é a arte de gerir o dinheiro alheio, e no Brasil quase sempre em proveito próprio, em primeiro lugar.

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